Saúde cria sala de situação para intoxicações por metanol

Ministério reage a aumento atípico de casos ligados a bebidas adulteradas, com 43 notificações e uma morte confirmada

Por Plox

02/10/2025 08h46 - Atualizado há 1 dia

Diante do crescimento incomum nos casos de intoxicação por metanol no país, o Ministério da Saúde criou uma Sala de Situação para acompanhar a situação em tempo real e definir estratégias de resposta. A medida foi anunciada após o registro de 43 casos desde agosto, sendo a maioria deles em São Paulo, onde já houve uma morte confirmada.


Imagem Foto: Reprodução


Segundo dados do Centro Nacional de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (CIEVS), entre os casos notificados, 39 ocorreram em São Paulo — com 10 confirmações, 29 ainda sob investigação e 4 descartados —, além de quatro casos suspeitos em Pernambuco. O que chama a atenção das autoridades é o número elevado em tão curto período: normalmente, o Brasil registra cerca de 20 casos ao longo de um ano inteiro.



“Estamos diante de uma situação anormal e diferente de tudo o que consta na nossa série histórica”, declarou o ministro da Saúde, Alexandre Padilha

, que confirmou o envolvimento da Polícia Federal na apuração, devido à suspeita de atuação de organizações criminosas adulterando bebidas alcoólicas.


A recomendação às empresas, bares e consumidores é clara: evitar o consumo de bebidas sem rótulo, lacre de segurança ou selo fiscal. A adulteração com metanol é altamente perigosa e pode provocar sintomas como náusea, dor abdominal, alterações visuais e confusão mental entre 12 e 24 horas após a ingestão. A substância é extremamente tóxica e pode levar à morte se não houver tratamento imediato.



A Sala de Situação vai reunir técnicos de várias esferas, incluindo representantes dos Ministérios da Saúde, Justiça e Segurança Pública, Agricultura e Pecuária, além de órgãos como Anvisa, CONASS, CONASEMS, CNS e as secretarias de Saúde dos estados afetados.



O espaço funcionará de forma extraordinária enquanto persistirem o risco sanitário e a necessidade de resposta nacional. O objetivo principal será analisar os dados, organizar ações coordenadas e padronizar condutas clínicas frente aos casos suspeitos ou confirmados.



Uma nota técnica foi enviada a todos os estados e municípios nesta semana, determinando a notificação imediata de qualquer suspeita. Isso ajudará a rastrear a origem das bebidas adulteradas e permitirá o início rápido do tratamento, incluindo a administração do antídoto, o etanol médico, que deve ser manipulado sob controle e, em muitos casos, acompanhado de hemodiálise.



Atualmente, o país conta com 32 Centros de Informação e Assistência Toxicológica (CIATox), nove deles no estado de São Paulo. Esses centros são essenciais no suporte a profissionais de saúde que lidam com pacientes intoxicados e também são referência em toxicovigilância.



Os sintomas devem ser considerados suspeitos principalmente quando surgem após a ingestão de bebidas alcoólicas e incluem persistência da embriaguez, desconforto gástrico ou visão turva. O Ministério da Saúde também disponibilizou um protocolo oficial no Guia de Vigilância em Saúde para padronizar o atendimento.



A investigação em andamento, coordenada pela Polícia Federal e órgãos de vigilância sanitária, já resultou em apreensões de bebidas, e o Procon-SP lançou canal exclusivo para denúncias. A orientação é que, diante de qualquer suspeita, a população procure atendimento médico e que os profissionais notifiquem os casos imediatamente aos sistemas de saúde.


Destaques