Dezembro Vermelho: Acolhimento é fundamental na luta contra o HIV/Aids

Relatório aponta possível erradicação da Aids como ameaça à saúde pública até 2030, destacando metas e desafios globais.

Por Plox

02/12/2024 09h55 - Atualizado há 22 dias

Um relatório recente da UNAids, programa da Organização das Nações Unidas (ONU) focado no combate ao HIV/Aids, projeta a superação da Aids como ameaça à saúde pública até 2030. Essa meta, no entanto, depende da proteção dos direitos humanos das pessoas vivendo com HIV e daqueles em maior risco de infecção.

Apesar do avanço, desafios ainda persistem. Atualmente, cerca de 23% das 39,9 milhões de pessoas vivendo com HIV globalmente não têm acesso ao tratamento antirretroviral, essencial para prevenir a manifestação do vírus e sua transmissão. Em 2023, 1,3 milhão de pessoas testaram positivo para HIV, e 630 mil morreram por complicações relacionadas à Aids. Além disso, 28 países registraram aumento de novas infecções.

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Avanços e desafios no Brasil

No Brasil, dois dos três objetivos globais da ONU para eliminar a Aids como problema de saúde pública foram atingidos antes do prazo. O país diagnosticou 96% das pessoas vivendo com HIV, alcançou 82% dessas em tratamento e tem 95% das pessoas em tratamento com carga viral indetectável, o que impede a transmissão do vírus.

Dados do Ministério da Saúde mostram que, em 2023, o Brasil subiu de 90% para 96% no índice de diagnóstico das pessoas infectadas que desconheciam sua condição. O avanço é atribuído à ampliação do acesso a métodos de prevenção, como a Profilaxia Pré-Exposição (PrEP), e a ações de conscientização.

A nova campanha do Ministério da Saúde, lançada com o tema “HIV. É sobre viver, conviver e respeitar. Teste e trate. Previna-se”, marca uma mudança significativa no enfrentamento à Aids. O foco, agora, está no acolhimento e na conscientização, em contraste com o tom de medo adotado no passado. Uma das iniciativas inclui a divulgação do conceito "i é igual a zero", que reforça que uma carga viral indetectável significa risco zero de transmissão.

O papel do acolhimento no tratamento e prevenção

Segundo o infectologista Unaí Tupinambás, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o estigma social é uma das principais barreiras ao tratamento eficaz. "A falta de acolhimento impacta na adesão e continuidade do tratamento, o que dificulta o controle da epidemia", explica.

Ele defende que o combate ao preconceito deve começar na educação básica, por meio de programas como o Saúde na Escola, que integram Unidades Básicas de Saúde (UBS) e instituições de ensino. Também ressalta a necessidade de investimentos no Sistema Único de Saúde (SUS) para garantir acesso universal ao tratamento, eliminar barreiras ao atendimento e capacitar profissionais de saúde.

Prevenção combinada: uma abordagem ampliada

No campo da prevenção, Tupinambás destaca a "Mandala de Prevenção", uma abordagem que combina diferentes estratégias, incluindo uso de preservativos, PrEP e Profilaxia Pós-Exposição (PEP).

A PrEP é destinada a pessoas em maior risco de infecção e pode ser usada continuamente ou sob demanda. Já a PEP é indicada após exposições de risco, como rompimento de preservativo ou violência sexual. Ambas as profilaxias, juntamente com testes e acompanhamento médico, são oferecidas pelo SUS.

Histórias de acolhimento e esperança

Sóstenes Reis, doutorando em comunicação pela UFMG, usa PrEP desde 2023 e relata os benefícios do acompanhamento pelo SUS. "O monitoramento constante e o acolhimento me fazem sentir seguro em minha vida sexual e afetiva", afirma. Ele acredita que é essencial ampliar o acesso à PrEP para populações mais vulneráveis e combater o preconceito por meio do diálogo.

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