Federações Partidárias Enfrentam Crise e Avaliam Rompimentos

Resultados insatisfatórios das eleições municipais de 2024 intensificam divisões entre partidos.

Por Plox

02/12/2024 07h44 - Atualizado há 11 dias

Implementado há apenas três anos, o modelo de federações partidárias no Brasil enfrenta desafios crescentes. Criadas em 2021 para substituir as coligações nas eleições legislativas, essas alianças foram pensadas como uma alternativa para fortalecer os partidos menores, mas agora enfrentam críticas e insatisfações internas.

Resultados Eleitorais e Insatisfações

As federações têm duração mínima de quatro anos, sob pena de sanções para rompimentos antecipados. Contudo, o desempenho eleitoral abaixo das expectativas em 2024 aumentou a insatisfação entre as legendas, que já operam de forma independente dentro das federações.

Dos sete partidos atualmente vinculados a federações, apenas o PT registrou crescimento no número de votos legislativos entre as eleições de 2020 e 2024. As demais siglas — como PV, PCdoB, PSDB, Cidadania, Rede e PSOL — enfrentaram quedas significativas. O Cidadania, por exemplo, sofreu uma redução de quase 60% em sua votação para as Câmaras Municipais.

Reclamações Internas

Partidos menores relatam dificuldades em se fazer ouvir dentro das federações. "Os partidos menores ficam muito subordinados e espremidos em suas atuações", comentou um líder político em Minas Gerais, que preferiu não se identificar.

No caso do PV, que integra a federação com PT e PCdoB, a experiência tem sido particularmente frustrante. A deputada estadual Lohanna (PV) pediu um “fim tranquilo” da aliança. Já o presidente estadual da sigla, Osvander Valadão, destacou que a votação do partido em Minas Gerais caiu 41% nas eleições municipais.

Apesar das críticas, há quem defenda a continuidade. Richard Ferreira Romano, representante do PCdoB em Minas, avaliou que o modelo trouxe avanços e acredita em sua ampliação.

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Tensão em Outras Federações

Outras federações também enfrentam conflitos. Na PSOL-Rede, divergências marcaram a campanha de 2024 em Belo Horizonte. Enquanto o PSOL apoiou a candidatura de Rogério Correia (PT), a Rede endossou a reeleição de Fuad Noman (PSD).

Na aliança PSDB-Cidadania, os problemas começaram nas eleições de 2022, quando o PSDB impediu que o Cidadania se unisse ao governador Romeu Zema (Novo), preferindo lançar uma candidatura própria.

Sobrevivência Partidária e Fundo Eleitoral

A manutenção das federações é crucial para a sobrevivência de partidos menores, que dependem do Fundo Eleitoral. O modelo foi criado para atender às "cláusulas de barreira", que exigem um desempenho mínimo em votos ou cadeiras para acesso a recursos públicos.

O deputado federal Aécio Neves (PSDB), autor da PEC que instituiu as cláusulas de barreira, afirmou que o número de partidos deve cair nos próximos anos. Ele defende que federações e fusões são o caminho para a sobrevivência das legendas menores.

Novas Alianças em Discussão

Enquanto isso, o PSB avalia uma união com o PDT, em uma possível quarta federação. A direção das siglas está analisando os impactos dessa aliança no cenário político, inclusive em Minas Gerais.

 

 

 

 

 

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