Prefeito de Carmo do Rio Claro é investigado pelo MPMG por manifestações em rodeio financiado com recursos públicos

Até o momento, o prefeito informou que não foi notificado pelo MPMG, mas se colocou à disposição para esclarecimentos

Por Plox

02/12/2024 07h38 - Atualizado há 2 dias

O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) investiga o prefeito de Carmo do Rio Claro, Filipe Carielo (PSD), por supostas irregularidades em um evento público no qual defendeu anistia para os condenados pelos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023. A manifestação ocorreu durante o Carmo Rodeio Fest, que custou cerca de R$ 1 milhão aos cofres municipais e teve entrada gratuita.

Manifestação em evento público

Durante o rodeio, realizado entre 1º e 5 de novembro, Carielo subiu ao palco no dia da apresentação principal, da dupla Fernando & Sorocaba, e exibiu uma faixa com os dizeres: “Anistia já! Liberdade aos patriotas perseguidos do 8 de janeiro”. Em sua fala, o prefeito afirmou que os condenados foram a Brasília para "pedir justiça e um país melhor". Ele argumentou que as punições aplicadas são desproporcionais e superiores às de crimes graves, como homicídios e estupros.

“Os que cometeram depredações precisam ser responsabilizados, mas de maneira proporcional. Pedimos ao Congresso que aprove a anistia aos perseguidos políticos do 8 de janeiro e ao ex-presidente Jair Bolsonaro, para que ele possa concorrer democraticamente em 2026”, declarou Carielo. O prefeito também exibiu um vídeo em que aparece ao lado de Bolsonaro, além de reproduzir relatos sobre pessoas supostamente condenadas de forma injusta, incluindo idosos.

Investigação do MPMG

A Promotoria de Justiça de Carmo do Rio Claro iniciou a apuração para verificar duas questões: a manifestação favorável à anistia durante um evento custeado com recursos públicos e as contratações das atrações artísticas. O órgão destacou que as imputações dependerão da análise das informações solicitadas.

As contratações das duplas sertanejas somaram R$ 1,08 milhão, cerca de 0,96% do orçamento anual do município, estimado em R$ 111,4 milhões. Fernando & Sorocaba receberam R$ 360 mil; Clayton & Romário, R$ 220 mil; Pedro Paulo & Alex e Munhoz & Mariano, R$ 200 mil cada; e Carreiro & Capataz, R$ 100 mil.

Defesa do prefeito

Carielo afirmou que sua manifestação foi pessoal, sem caráter político-partidário ou intenção de ruptura institucional. Ele alegou que o evento tinha como objetivo promover a integração da comunidade e celebrar a cidade. “Meu posicionamento foi em defesa da democracia e da justiça, respeitando as instituições democráticas e o ordenamento jurídico”, disse.

O prefeito também enfatizou que o pedido de anistia era direcionado aos que participaram legitimamente das manifestações de 8 de janeiro, reconhecendo, no entanto, que atos criminosos, como a depredação de patrimônio público, devem ser punidos.

Até o momento, o prefeito informou que não foi notificado pelo MPMG, mas se colocou à disposição para esclarecimentos. “Reitero meu compromisso com a transparência, a legalidade e a defesa da democracia”, concluiu.

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