Em uma nota divulgada na madrugada desta terça-feira (2), a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro se manifestou pela primeira vez após as declarações do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e do vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ). Os três reagiram às críticas que Michelle fez à aproximação do PL com o ex-governador Ciro Gomes (PSDB), de olho nas eleições de 2026.

Michelle afirmou que não daria uma resposta direta ao pronunciamento dos enteados e disse respeitar o posicionamento deles. Ela defendeu, porém, ter o direito de expressar suas discordâncias e declarou não estar disposta a apoiar um movimento político que envolva alguém que, segundo ela, chamou Jair Bolsonaro de “genocida”.

A ex-primeira-dama reforçou que se manifestou antes como esposa, mãe e mulher do que como figura política. Em sua avaliação, a aproximação com Ciro no Ceará foi comparável a uma troca entre Stalin e Lenin, numa crítica à estratégia de usar o tucano como alternativa ao PT no estado.

Na mensagem, Michelle também afirmou que, mesmo que Jair Bolsonaro não compartilhe da mesma opinião, considera que esposas são chamadas a alertar seus maridos quando acreditam que eles podem estar errando, o que, para ela, seria algo normal em qualquer casamento.

Segundo a ex-primeira-dama, no episódio em Fortaleza ela atuou apenas como uma esposa defendendo o marido e a família de alguém que, na visão dela, sempre os atacou. Michelle encerrou a nota pedindo perdão aos enteados pela divergência política e declarou que não teve intenção de contrariá-los.

Ela concluiu dizendo que, assim como os filhos de Bolsonaro, deseja apenas o melhor para o ex-presidente, a quem chamou de herói, esposo e maior líder que o país já teve. Após a publicação da nota em seus stories no Instagram, Michelle compartilhou uma série de vídeos com ataques feitos por Ciro a Jair Bolsonaro ao longo dos últimos anos.

Filhos de Bolsonaro reagem à crítica de Michelle

Na segunda-feira (1°), Flávio, Carlos e Eduardo Bolsonaro se posicionaram contra a crítica de Michelle ao acordo do PL com Ciro Gomes no Ceará. O primeiro a comentar foi o senador Flávio Bolsonaro, em entrevista ao portal Metrópoles, na qual avaliou que a ex-primeira-dama “atropelou” Jair Bolsonaro ao condenar a aliança articulada no estado.

A Michelle atropelou o próprio presidente Bolsonaro, que havia autorizado o movimento do deputado André Fernandes no Ceará. E a forma com que ela se dirigiu a ele, que talvez seja nossa maior liderança local, foi autoritária e constrangedora – disse.

Flávio Bolsonaro

O episódio ocorreu durante um evento em Fortaleza, no domingo (30), quando Michelle discordou publicamente do apoio do PL ao ex-ministro de Lula. Na ocasião, ela declarou apoio ao senador Eduardo Girão (Novo), pré-candidato ao Governo do Ceará em 2026, em oposição a Ciro Gomes.

No discurso, Michelle questionou a possibilidade de uma aliança com Ciro, a quem classificou como contrário aos valores defendidos por seu grupo político, e afirmou que não via condições para esse tipo de composição.

Carlos Bolsonaro se pronunciou pela rede X, reforçando o posicionamento de Flávio. O vereador defendeu a necessidade de união do grupo político em torno da liderança de Jair Bolsonaro e disse que, embora tenha preferência pessoal por Eduardo Girão, considera fundamental respeitar as decisões do pai.

Em seguida, Eduardo Bolsonaro também criticou a postura de Michelle no evento em Fortaleza. Ele afirmou que o tratamento dado ao deputado André Fernandes foi injusto e desrespeitoso, lembrando que o acordo no Ceará teria sido definido por Jair Bolsonaro e que o parlamentar apenas seguiu a orientação do líder.