Cresce 25% a população em situação de rua no Brasil em 2024, aponta pesquisa
Número de pessoas vivendo nas ruas atinge 327.925 em dezembro de 2024, um crescimento alarmante comparado a anos anteriores.
Por Plox
03/01/2025 08h31 - Atualizado há 7 meses
A Região Sudeste concentra a maior parte das pessoas em situação de rua no país, totalizando 204.714 indivíduos – aproximadamente 63% do total nacional. São Paulo lidera esse cenário com 139.799 pessoas vivendo nas ruas, representando 43% do total nacional. Esse número é 12 vezes maior que o registrado em 2013, quando eram 10.890. Outros estados destacados incluem Rio de Janeiro, com 30.801 pessoas, e Minas Gerais, com 30.244.

Crescimento significativo em uma década
O levantamento do Observatório Brasileiro de Políticas Públicas com a População em Situação de Rua (OBPopRua/POLOS-UFMG) mostra que o número atual é 14 vezes maior que o registrado em 2013, quando havia 22.922 pessoas vivendo nas ruas do Brasil. Esse aumento, segundo o coordenador André Luiz Freitas Dias, reflete tanto a ampliação do Cadastro Único (CadÚnico) como ferramenta de registro quanto a ausência de políticas públicas estruturantes, como moradia, trabalho e educação.
Educação e vulnerabilidade social
O estudo também aponta que sete em cada dez pessoas em situação de rua não concluíram o ensino fundamental, e 11% são analfabetas. Essa realidade agrava a exclusão social, dificultando o acesso a empregos e outras oportunidades nas cidades.
Desafios em São Paulo: imóveis vazios e falta de políticas habitacionais
Robson César Correia de Mendonça, do Movimento Estadual da População em Situação de Rua de São Paulo, chamou a atenção para a contradição entre o grande número de imóveis vazios e a crescente população em situação de rua. Segundo dados do Censo Demográfico de 2022, a capital paulista possui cerca de 590 mil imóveis particulares desocupados, enquanto o número de pessoas em situação de rua é de aproximadamente 92.556. Para Mendonça, essa disparidade reflete a falta de vontade política para implementar soluções habitacionais, como a reforma de prédios ociosos para abrigar essa população.
“Se fosse feita uma reforma nesses prédios, tornando-os habitacionais, nós teríamos resolvido uma boa parte dessa demanda e tirado essas pessoas da situação de rua”, defende Mendonça. Ele ainda destacou que essa solução seria mais econômica do que manter serviços como albergues.
Recursos destinados e desafios na aplicação
Apesar da gravidade do problema, a Secretaria Estadual de Desenvolvimento Social de São Paulo informou que, em 2024, destinou cerca de R$ 156 milhões dos R$ 240 milhões do Fundo Estadual de Assistência Social para serviços de Proteção Social Especial de Média e Alta Complexidade. No entanto, dados específicos sobre a população em situação de rua no estado não foram fornecidos.
Conclusão dos dados
A pesquisa destaca a urgência de políticas públicas mais eficazes e estruturantes para combater o aumento da população em situação de rua no Brasil. O cenário exposto reforça a necessidade de ações que integrem moradia, educação e trabalho como pilares para reduzir essa vulnerabilidade social crescente.