Dinheiro, joias e relógios: secretário de Educação de BH é afastado após operação da PF
Bruno Barral é investigado por suposto envolvimento em esquema bilionário de desvio de recursos e foi alvo de busca na terceira fase da Operação Overclean
Por Plox
03/04/2025 10h29 - Atualizado há cerca de 1 mês
Por ordem do ministro Kassio Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal (STF), o secretário de Educação de Belo Horizonte, Bruno Barral, foi afastado de suas funções nesta quinta-feira (3), em decorrência de uma investigação da Polícia Federal.

O afastamento ocorre no âmbito da terceira fase da Operação Overclean, que apura um esquema de corrupção, lavagem de dinheiro e desvio de recursos públicos através de emendas parlamentares e convênios com municípios. Nesta etapa, a PF realizou 16 mandados de busca e apreensão em quatro capitais: Belo Horizonte (MG), Salvador (BA), São Paulo (SP) e Aracaju (SE).
Durante as diligências, na residência de Barral, os agentes encontraram joias, relógios, além de maços de dólares e euros guardados em um cofre. A ordem de afastamento cautelar de suas funções foi expedida no mesmo contexto da operação.
Barral está à frente da Secretaria de Educação de Belo Horizonte desde abril de 2024. Antes disso, ele já era sócio da empresa Bruno Oitaven Barral Ltda., que é ré em um processo por danos ao erário em Santo Antônio de Jesus (BA). A ação judicial se refere a um contrato de R$ 300 mil, firmado sem licitação com a prefeitura local para serviços de consultoria educacional em 2021. O contrato foi suspenso liminarmente em fevereiro de 2023, e a Justiça determinou que os pagamentos fossem interrompidos, sob pena de multa diária.
Em nota, Barral afirmou que tanto ele quanto o município já apresentaram suas defesas no processo e aguardam a decisão final.
A Operação Overclean é conduzida pela PF em parceria com a Controladoria-Geral da União (CGU) e estima-se que o esquema fraudulento tenha movimentado cerca de R$ 1,4 bilhão. Os crimes investigados incluem ainda peculato e obstrução da justiça. O foco da investigação são contratos superfaturados e fraudes licitatórias com verbas oriundas de emendas parlamentares, principalmente destinadas ao Departamento Nacional de Obras contra as Secas (Dnocs).
Entre os alvos da operação está o empresário Marcos Moura, conhecido como “Rei do Lixo”, apelido decorrente de sua atuação em contratos de limpeza urbana na Bahia. Moura é apontado como um dos articuladores do esquema e já havia sido preso na primeira fase da operação, em dezembro de 2024. Ele integra a executiva nacional do partido União Brasil.
A operação alcançou o Supremo Tribunal Federal após surgir o nome do deputado federal Elmar Nascimento, líder do União Brasil na Câmara, mencionado em documento de compra e venda de imóvel encontrado na casa de Moura. A PF retornou ao endereço do empresário nesta quinta-feira para nova busca.
Outros nomes já haviam sido presos na segunda fase da operação, deflagrada em dezembro de 2024. Entre eles estão o policial federal Rogério Almeida Medeiros, o ex-vice-prefeito de Lauro de Freitas Vidigal Cafezeiro Neto, o então secretário de Mobilidade Urbana de Vitória da Conquista Lucas Dias, e o lobista Carlos André, considerado um dos operadores do esquema.
A investigação permanece sob relatoria do ministro Kassio Nunes Marques, que decretou sigilo ao processo em fevereiro deste ano.