Homem com micose resistente após viagens à Europa revela 1º caso de fungo raro no Brasil

Paciente foi diagnosticado em Piracicaba (SP) com infecção por Trichophyton indotineae, fungo que resiste a tratamentos convencionais e tem risco de transmissão elevado.

Por Plox

03/04/2025 12h03 - Atualizado há cerca de 1 mês

Um homem de 40 anos, com histórico de viagens por diversos países europeus, tornou-se o primeiro caso confirmado no Brasil de infecção por Trichophyton indotineae — um fungo dermatológico resistente a tratamentos convencionais. O diagnóstico ocorreu em Piracicaba (SP), durante visita do paciente à família.


Imagem Foto: Pixabay / ilustrativo


Morador de Londres, o homem havia passado por países como Inglaterra, Áustria, Eslováquia, Hungria, Polônia, Escócia e Turquia. Ele apresentava uma micose persistente com lesões extensas e vermelhidão na pele, principalmente nos glúteos e pernas, que não regrediam com os tratamentos comuns. Ao buscar atendimento, foi avaliado pela dermatologista Renata Diniz, que logo identificou a gravidade do quadro.


Diante da ineficácia dos antifúngicos habituais, a médica acionou o dermatologista John Verrinder Veasey, da Sociedade Brasileira de Dermatologia, e juntos solicitaram exames ao Instituto de Medicina Tropical da USP, que confirmaram a presença do Trichophyton indotineae.



Apesar do impacto do fungo na pele, os especialistas alertam que ele não representa risco direto à vida. No entanto, sua resistência medicamentosa é preocupante, especialmente porque ele tende a retornar após o fim do tratamento. A médica também enfatizou que o uso contínuo de antifúngicos pode gerar efeitos colaterais, o que complica ainda mais a abordagem clínica.


O tratamento envolve não apenas antifúngicos alternativos, mas também medidas para fortalecer o sistema imunológico e ajustes no cotidiano do paciente, como controle da umidade na região afetada. Segundo os especialistas, a doença pode comprometer a qualidade de vida e as interações sociais do infectado, dada a facilidade de transmissão.



A infecção é transmitida principalmente pelo contato direto com a pele ou com objetos contaminados, como toalhas. O alerta é para ambientes úmidos e com grande circulação de pessoas, como vestiários e piscinas. A médica destaca a importância do diagnóstico precoce e cuidados com a higiene pessoal.


A origem do fungo remonta à Índia, mas ele já foi identificado na Europa, Ásia e América. Contudo, ainda há subnotificação e erros de diagnóstico, o que dificulta mapear a real disseminação da doença no mundo.



Esse caso acende um sinal de alerta para autoridades sanitárias e profissionais de saúde sobre a presença de organismos resistentes no país, e reforça a necessidade de vigilância e diagnóstico eficaz diante de infecções cutâneas persistentes.


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