Novo tarifaço de Trump provoca queda nas bolsas e tensão global
Mercados da Ásia e Europa reagem com fortes perdas à nova rodada de tarifas comerciais impostas pelos EUA; Brasil está entre os menos afetados
Por Plox
03/04/2025 10h58 - Atualizado há 4 meses
A quinta-feira (3) começou com tensão nos mercados globais após o anúncio de um novo 'tarifaço' promovido pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A medida, que impõe novas tarifas sobre produtos importados de diversos países com percentuais entre 10% e 97%, repercutiu de forma negativa nas bolsas de valores da Ásia e da Europa, que registraram quedas expressivas.

Batizada por Trump como \"Dia da Libertação\", a iniciativa visa reforçar a produção nacional norte-americana e aplicar tarifas recíprocas aos países que impõem barreiras aos produtos dos EUA. A proposta, no entanto, acendeu o alerta de uma possível guerra comercial global, com impactos econômicos ainda imprevisíveis.
Na visão de Trump, a nova política é uma resposta às práticas comerciais desleais enfrentadas pelos Estados Unidos. Desde fevereiro, o republicano vinha indicando a adoção das tarifas, mas foi apenas nesta semana que detalhou os valores e critérios.
Apesar da gravidade da medida, o Brasil ficou entre os 113 países menos atingidos, com a menor alíquota do pacote tarifário, fixada em 10%. Essa posição foi recebida com certo alívio pelo mercado brasileiro, que chegou a considerar a possibilidade de sofrer sanções mais duras. Com isso, analistas acreditam que o país possa, inclusive, se beneficiar, ao conquistar mercados antes atendidos por nações mais afetadas pelas novas barreiras comerciais.
A resposta dos mercados, no entanto, foi imediata. Índices asiáticos despencaram logo nas primeiras horas do dia e, na sequência, bolsas europeias também passaram a operar no vermelho. Diante do cenário, a União Europeia já articula uma reação. Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, afirmou que medidas retaliatórias estão em preparação. O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, adotou um tom mais moderado, prometendo responder com \"cabeça fria e calma\".
No Brasil, embora o impacto direto tenha sido menor, o mercado interno deve sentir os reflexos, principalmente se commodities como minério de ferro e petróleo acompanharem as quedas internacionais. Segundo o analista Alison Correia, da Dom Investimentos, a pressão nos papéis de empresas como Vale e Petrobras pode puxar o Ibovespa para baixo e gerar desvalorização do real frente ao dólar.
Além das tarifas, os mercados também monitoram dados econômicos dos EUA, como os pedidos de seguro-desemprego e os índices PMI (gerentes de compras) de março. O Departamento de Trabalho norte-americano divulgou nesta quinta-feira os novos números de auxílio-desemprego, enquanto a S&P Global apresentou os índices de serviços e composto, que ficaram em 51 e 51,6, respectivamente, na última medição.
Com o cenário de incertezas instaurado, especialistas alertam para uma nova fase de instabilidade no comércio internacional. A escalada tarifária de Trump já entrou para a história como uma das ações mais drásticas da política econômica norte-americana e pode remodelar as dinâmicas do mercado global nos próximos meses.