Vereadora e marido são presos por suspeita de ligação com facção e compra de votos
Tatiana Medeiros e Alandilson Passos são investigados por envolvimento com grupo criminoso e uso de recursos ilícitos nas eleições de 2024
Por Plox
03/04/2025 10h43 - Atualizado há 3 meses
Na manhã desta quinta-feira (3), a Polícia Federal cumpriu dois mandados de prisão preventiva contra a vereadora Tatiana Medeiros (PSB), de Teresina (PI), e seu marido, Alandilson Cardoso Passos. Ambos são suspeitos de envolvimento com uma facção criminosa e de utilizarem recursos ilícitos durante a campanha eleitoral de 2024.

As investigações fazem parte da segunda fase da Operação Escudo Eleitoral, que identificou vínculos entre Tatiana e o Bonde dos 40 — grupo criminoso com forte atuação no Maranhão e no Piauí, conhecido por práticas violentas. Tatiana, eleita vereadora com 2.925 votos, teria financiado parte de sua campanha com verba da facção, além de estar ligada a um esquema de desvio de recursos públicos envolvendo uma ONG.
A Polícia Federal apontou que, além do financiamento ilícito da campanha, há suspeitas de que valores provenientes de desvios de uma instituição não governamental também tenham sido utilizados. A PF informou que a apuração teve início após os resultados das eleições municipais de 2024, e que desde então foram reunidos diversos indícios da relação da parlamentar com atividades criminosas.
Além das prisões, foram executados três mandados de busca e apreensão e três de afastamento de função pública. A vereadora, assim como servidores comissionados da Câmara Municipal de Teresina, da Assembleia Legislativa e da Secretaria de Saúde do Piauí, foram afastados dos cargos.
As ordens judiciais foram expedidas pelo 1º Juízo de Garantias da Justiça Eleitoral do Piauí, e as diligências aconteceram em Teresina e Timon, cidade maranhense vizinha à capital piauiense. Também foi determinada a suspensão das atividades da ONG investigada, com bloqueio de novos recursos e proibição de contato dos investigados com demais servidores ou retorno aos locais de trabalho.
Essa não foi a primeira vez que Alandilson Passos esteve envolvido com a Justiça. Em novembro de 2024, ele foi preso sob suspeita de tráfico de drogas. Agora, ele volta a ser alvo das autoridades ao lado da esposa, que havia sido afastada da função de secretária-geral do PSB municipal em março deste ano pelo então presidente do partido e secretário de Planejamento do Estado, Washington Bonfim, que aguardava o avanço da investigação.
Durante a operação, a PF também capturou uma terceira pessoa que tinha um mandado de prisão preventiva em aberto, ampliando o alcance da ofensiva contra o esquema que liga o poder público a organizações criminosas na região.
As investigações continuam sob sigilo, mas a Polícia Federal já aponta que os elementos reunidos até o momento revelam uma teia criminosa complexa entre política, facção e desvio de verbas públicas.