Brasil compra US$ 8,3 bi em diesel e 65% vem da Rússia em 2024

Volume de diesel importado da Rússia disparou após sanções da Europa; Estados Unidos, antes principais fornecedores, agora ocupam segundo lugar

Por Plox

03/05/2025 11h27 - Atualizado há cerca de 16 horas

Um levantamento da Nexus - Pesquisa e Inteligência de Dados, baseado em informações do Comex Stat do MDIC, revelou que o Brasil importou mais de US$ 8,3 bilhões em óleo diesel ao longo de 2024. O produto ficou atrás apenas dos óleos brutos do petróleo no ranking dos mais importados do país.


Imagem Foto: Pixabay


Atualmente, a maior parte desse combustível vem da Rússia, que respondeu por 65% do total importado, seguida pelos Estados Unidos, com 17%. Esse cenário representa uma grande mudança em relação aos anos anteriores, quando os EUA lideravam o fornecimento: entre 2016 e 2020, por exemplo, 82% do diesel importado pelo Brasil era de origem americana.



Diversos fatores contribuíram para essa reviravolta. Em 2022, os EUA cogitaram restringir exportações por conta dos altos preços internos do diesel. Isso reduziu a participação norte-americana no mercado brasileiro para 57%. Ao mesmo tempo, a Índia se destacou naquele ano com 16% das vendas para o Brasil. A invasão da Ucrânia pela Rússia e as sanções impostas pela União Europeia abriram espaço para o Brasil ampliar suas compras de derivados de petróleo russos, beneficiando-se dos descontos oferecidos.


Em 2023, 47% do diesel importado pelo Brasil veio da Rússia; em 2024, esse número saltou para 65%. Jackson Campos, diretor de relações institucionais da AGL Cargo, explica que essa mudança traz benefícios financeiros, mas também riscos geopolíticos. “Com as sanções do Ocidente, a Rússia passou a vender seu diesel com desconto — e o Brasil aproveitou a oportunidade”, afirmou. “Mas é uma solução que traz riscos. Se houver qualquer instabilidade ou mudança nas relações comerciais, podemos sentir isso na bomba em questão de semanas.”



Atualmente, segundo a Agência Nacional do Petróleo, o litro do diesel comum custa em média R$ 6,19, enquanto o Diesel S-10 está em R$ 6,26. Campos ainda destaca que depender de poucos fornecedores é perigoso e defende a diversificação e segurança no abastecimento.


Apesar da forte dependência da importação, o Brasil vem avançando na produção interna. A Refinaria Presidente Bernardes, em Cubatão (SP), bateu recorde no segundo trimestre de 2024 com 990 mil m³ de diesel S-10 produzidos. Dados do governo federal mostram que, até outubro do mesmo ano, foram produzidos 24,6 bilhões de litros do combustível, um aumento de 5,9% em relação a 2023.



Confira os dados da pesquisa Nexus:


- Em 2024, foram US$ 8,3 bilhões em diesel importado (65% da Rússia, 17% dos EUA)


- Em 2023, US$ 9,6 bilhões (47% da Rússia, 26% dos EUA)


- Em 2022, US$ 13,9 bilhões (57% dos EUA, 16% da Índia)


- Em 2021, US$ 7 bilhões (49% dos EUA, 18% da Índia)


- Em 2020 e 2019, a participação americana era de 82%


No ranking geral de produtos mais importados pelo Brasil em 2024, o diesel ficou em segundo lugar:


1. Óleos brutos do petróleo - US$ 8,6 bilhões


2. Óleo diesel - US$ 8,3 bilhões


3. Partes de turborreatores ou turbopropulsores - US$ 4,8 bilhões


4. Cloretos de potássio - US$ 3,6 bilhões


5. Turborreatores com empuxo acima de 25 kN - US$ 3,4 bilhões


A pesquisa ressalta a importância estratégica do diesel para a economia brasileira e alerta para a vulnerabilidade gerada pela concentração em poucos fornecedores.


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