Labrador morre após contato com planta tóxica em área pública de São Paulo
Pudim, cão de suporte emocional, teve falência hepática após ingerir Cycas revoluta, espécie ornamental altamente venenosa ainda comum em locais abertos da capital
Por Plox
03/05/2025 11h20 - Atualizado há cerca de 15 horas
Pudim, um labrador chocolate de nove anos que atuava como cão de suporte emocional, morreu em São Paulo após ingerir partes da planta ornamental Cycas revoluta, também conhecida como palmeira-sagu. A espécie é altamente tóxica e não possui antídoto. O animal teve falência hepática após cinco dias internado na UTI veterinária.

Companheiro da designer Fabiana Amaral, de 47 anos, que está no espectro autista, Pudim também era doador de sangue para cães enfermos, um excelente nadador e possuía mais de 16 mil seguidores nas redes sociais. No momento do envenenamento, o cão passeava por uma área ajardinada de uma instituição financeira, na Vila Madalena, zona oeste da capital, onde teve contato com a planta.
A Cycas revoluta é proibida por lei em cidades como Uberaba (MG) e Rio de Janeiro (RJ), mas segue presente em espaços públicos de São Paulo. Apesar de sua proibição ter vigorado entre 2003 e 2022, a norma foi revogada pela atual administração municipal sob justificativa de sobreposição com uma outra lei ambiental de 2011.
A espécie, de origem asiática, está amplamente disseminada e pode ser facilmente comprada pela internet. A reportagem encontrou exemplares da planta em diversos locais públicos paulistanos, como as praças Pereira Leite e da Paz, além dos parques do Carmo e Ibirapuera, inclusive em áreas externas de lojas de produtos pet.
Segundo o médico-veterinário Marcelo Quinzani, os sintomas da intoxicação por Cycas incluem vômitos, diarreia, mucosas amareladas, convulsões e dor abdominal. Ele alerta que o tratamento é apenas sintomático e que uma resposta rápida é crucial para a sobrevivência do animal.
A Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente informou que a planta não é cultivada em viveiros públicos e que prioriza espécies nativas. Ainda assim, a recomendação é de cautela quanto ao uso de qualquer planta com potencial tóxico em locais de acesso público, especialmente por crianças e animais.
Maria do Carmo Estanislau do Amaral, botânica da Unicamp, destacou que há registros históricos da toxicidade da Cycas, incluindo um episódio de 1770, quando membros da tripulação do capitão James Cook sofreram grave intoxicação após consumir sopa feita com suas sementes.
Fabiana lamenta profundamente a perda de Pudim, que completaria 10 anos na próxima terça-feira (6). Ela espera que o caso sirva de alerta: \"Nenhum cão merece passar pelo que o meu Pudim passou. Divulgando isso, outros tutores poderão evitar o sofrimento que eu estou vivendo.\"
Para proteger os pets, especialistas orientam conhecer as plantas tóxicas, supervisionar passeios, buscar ajuda veterinária imediata em caso de ingestão suspeita e levar partes da planta ou imagens para facilitar o diagnóstico.