Crianças com suspeita de doença celíaca podem desenvolver lesões intestinais após anos com glúten

Estudo de longo prazo feito na Itália revela que 43% das crianças com exames positivos, mas sem lesões iniciais, acabaram desenvolvendo atrofia nas vilosidades intestinais

Por Plox

03/05/2025 15h01 - Atualizado há cerca de 9 horas

Um estudo italiano de longa duração trouxe novos dados sobre a progressão da doença celíaca em crianças inicialmente sem lesões intestinais aparentes.


Imagem Foto:Freepik


A pesquisa acompanhou, ao longo de 12 anos, 280 crianças com exames positivos para os anticorpos anti-transglutaminase (anti-TG2) e anti-endomísio (EMA), mas cujas biópsias não indicavam alterações no duodeno. Apesar disso, ao final do período, 43% dos pacientes desenvolveram atrofia nas vilosidades intestinais, mesmo mantendo uma dieta com glúten.



Essas crianças se enquadravam na chamada doença celíaca potencial — uma condição na qual o indivíduo possui genética compatível (HLA DQ2 ou DQ8) e exames sorológicos positivos, mas ainda não apresenta as lesões intestinais características da forma clássica da doença.


A principal dúvida clínica nesses casos é se a dieta sem glúten deve ser iniciada imediatamente ou não. O estudo buscou justamente entender melhor essa decisão.


Entre os achados mais relevantes estão:


- 15% das crianças evoluíram para lesões intestinais dentro dos primeiros cinco anos;


- Após 12 anos, a incidência acumulada chegou a 43%;


- Cerca de 32% deixaram de apresentar os anticorpos, indicando possível remissão espontânea.



Foram também identificados fatores de risco significativos para a progressão da doença:


- Presença elevada de linfócitos intraepiteliais γδ;


- Diagnóstico em idade mais avançada;


- Homozygose para o gene HLA-DQB102.


Com base nesses resultados, os pesquisadores recomendam que, ao invés de iniciar uma dieta sem glúten de imediato, crianças com doença celíaca potencial sejam acompanhadas com atenção, realizando exames regulares para monitoramento, especialmente quando apresentam os fatores de risco identificados.



Essas descobertas ajudam a orientar estratégias mais individualizadas no acompanhamento de pacientes pediátricos com sinais iniciais da doença celíaca.


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