Dólar recua e Bolsa sobe com recuo do governo sobre IOF
Moeda americana caiu a R$ 5,63 após declarações de Lula indicando revisão de medidas fiscais; Ibovespa também avançou
Por Plox
03/06/2025 19h38 - Atualizado há 9 dias
Em uma terça-feira de volatilidade, o dólar apresentou queda significativa no Brasil, mesmo diante da valorização da moeda norte-americana no exterior. O alívio veio após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sinalizar abertura para rediscutir as recentes mudanças no IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).

Enquanto o índice DXY, que mede a força do dólar frente a outras moedas, subia 0,59% e alcançava os 99,29 pontos, a moeda norte-americana recuava 0,64% no Brasil, fechando o dia cotada a R$ 5,636. A Bolsa de Valores de São Paulo também teve um dia de otimismo, encerrando com alta de 0,55%, aos 137.546 pontos.
Pela manhã, o cenário era outro: o dólar chegou a alcançar R$ 5,710, um avanço de 0,65% impulsionado pelo temor do agravamento da guerra tarifária liderada pelos Estados Unidos. No entanto, a maré virou após uma coletiva de imprensa do presidente Lula em Brasília.
Durante o pronunciamento, Lula afirmou que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, estaria disposto a rever o decreto que aumentava alíquotas do IOF, indicando que uma nova proposta seria discutida ainda naquele dia, durante um almoço no Palácio da Alvorada com lideranças do Legislativo.
\"Não acho que tenha sido erro não, foi momento político e em nenhum momento o companheiro Haddad teve qualquer problema de rediscutir o assunto\", afirmou Lula.
Após o encontro, Haddad confirmou que nenhuma medida fiscal de maior impacto seria anunciada antes de uma reunião com líderes partidários. A sinalização de revisão trouxe alívio imediato ao mercado, que vinha demonstrando resistência às medidas anunciadas pela Fazenda desde o dia 22 de maio.
Analistas também comentaram os efeitos das declarações. Para Ian Lopes, da Valor Investimentos, a entrevista foi essencial para acalmar os ânimos. Já Matheus Spiess, da Empiricus Research, avaliou que, mesmo sem grandes novidades, o discurso foi um recado importante aos investidores.
Spiess observou que a simples possibilidade de uma alternativa ao IOF já mudou a percepção do mercado.
\"As apostas começam a mudar, com o mercado passando a apostar em um cenário mais positivo, ainda que seja apenas uma solução parcial\", destacou o analista.
Outro ponto positivo destacado por Diego Faust, sócio da Manchester Investimentos, foi a menção de Lula à ideia de desvincular os reajustes de aposentadorias do salário mínimo. Segundo ele, isso ajudaria a controlar o crescimento das despesas da Previdência.
Desde o anúncio do aumento das alíquotas do IOF, o mercado vinha pressionando o governo e o Congresso mostrava resistência às medidas. Na véspera, o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, também se posicionou contra o uso do IOF como ferramenta arrecadatória, reforçando a necessidade de uma política fiscal mais equilibrada.
Além das questões internas, o cenário internacional também influenciou os mercados. O crescimento da produção industrial brasileira em abril foi de apenas 0,1%, segundo o IBGE, frustrando expectativas. O mês teve dois dias úteis a menos, o que também afetou os números.
Nos Estados Unidos, o governo de Donald Trump movimentou o mercado com medidas mais duras nas tarifas de importação. A Casa Branca confirmou que países afetados pelas tarifas teriam até quarta-feira (4) para apresentar propostas. Trump ainda prometeu dobrar as tarifas sobre o aço importado para 50%.
A tensão se intensificou com acusações feitas pelo presidente americano à China, acusando o país asiático de descumprir um acordo firmado em Genebra. A batalha jurídica sobre os poderes de Trump para impor tarifas ganhou novo fôlego após um tribunal superior suspender uma decisão contrária ao governo.
No meio desse cenário global tenso, as declarações do presidente Lula sobre o IOF serviram como âncora de estabilidade para os ativos brasileiros neste início de mês.