Ministro acusa Zema de tentar privatizar Cemig sob pretexto de federalização

Alexandre Silveira afirma que governador aumentou dívida de MG e tenta driblar Constituição ao propor repasse da estatal à União

Por Plox

03/06/2025 09h46 - Atualizado há 3 dias

Durante entrevista ao programa Café com Política, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, fez duras críticas à proposta apresentada pelo governador Romeu Zema (Novo) sobre a federalização da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), dentro das negociações da adesão do Estado ao Propag — programa que renegocia as dívidas dos estados com a União.


Imagem Foto: Agência Brasil


Segundo Silveira, Zema utilizou uma liminar herdada da gestão anterior para não efetuar pagamentos da dívida mineira, o que teria gerado um aumento significativo no passivo estadual. De acordo com o ministro, a dívida de Minas com a União subiu de R$ 110 bilhões, em 2016, para R$ 170 bilhões atualmente.


Em suas palavras, “o governador não pagou um centavo sequer e governou com esses recursos, empurrando Minas para o limite orçamentário. O reajuste dos salários dos servidores não é mérito da gestão dele, mas consequência dessa inadimplência com a União”.



Silveira ainda destacou o papel do presidente Lula e do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) na criação do Propag, frisando que a proposta de solução veio do governo federal e não do governador mineiro. Para ele, o modelo sugerido por Zema, que transformaria a Cemig em uma 'corporation' — empresa sem controle acionário definido —, representa, na prática, uma tentativa de privatização, contrariando a Constituição Estadual.


“A maioria dos mineiros não quer ver a Cemig privatizada. Ela é essencial para a segurança energética do Estado. Transformá-la em uma empresa sem dono definido é prejudicial ao setor elétrico mineiro”, declarou o ministro.



Ele também defendeu a adesão de Minas ao Propag como forma de equilibrar as finanças públicas e viabilizar novos investimentos em áreas como segurança e saúde. Segundo ele, a situação da segurança pública piorou no Estado, com os servidores sendo deixados de lado.


Outro tema abordado na entrevista foi a duplicação da BR-381. Silveira ressaltou os avanços dos primeiros 100 dias de obras no trecho entre Belo Horizonte e Governador Valadares, conhecido como “rodovia da morte”, e afirmou que mais de 2.500 buracos foram tapados até agora. Ele espera que a estrada se transforme em “rodovia da prosperidade e da vida”.



Silveira também comentou sobre a municipalização do Anel Rodoviário de Belo Horizonte, cuja gestão será transferida da União para a Prefeitura nesta terça-feira (3). Ele homenageou o ex-prefeito Fuad Noman, que idealizou o projeto, e demonstrou expectativa positiva com a nova gestão do atual prefeito Álvaro Damião.


Por fim, ao ser questionado sobre as eleições de 2026, o ministro disse esperar que Rodrigo Pacheco se posicione como possível candidato ao governo de Minas, afirmando que o senador é o nome de preferência do presidente Lula para liderar um projeto político no Estado.



A fala de Silveira amplia o embate político entre aliados do presidente e o governo de Romeu Zema, num momento decisivo para a reestruturação fiscal de Minas Gerais.


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