Trump dobra tarifas de importação de aço e alumínio para 50%
Medida impacta Brasil e entra em vigor imediatamente; Reino Unido mantém taxa reduzida após acordo comercial.
Por Plox
03/06/2025 23h20 - Atualizado há 2 dias
Com efeito imediato, os Estados Unidos decidiram dobrar as tarifas sobre importações de aço, alumínio e derivados, saltando de 25% para 50%. A medida, anunciada pelo presidente Donald Trump, passa a valer já nesta quarta-feira (4), e tem como principal justificativa a proteção da segurança nacional e da indústria norte-americana.

A única exceção até o momento é o Reino Unido, que se beneficiou de um recente acordo comercial firmado com os EUA e continuará sujeito à tarifa de 25%. Já países como o Brasil — segundo maior fornecedor de aço para os americanos — serão diretamente impactados.
O decreto assinado por Trump nesta terça-feira (3) confirma a promessa feita dias antes, quando o presidente declarou publicamente, nas redes sociais, sua intenção de reforçar a indústria siderúrgica nacional. Na mesma ocasião, ele havia anunciado que a nova tarifa começaria a valer no dia 4 de junho.
Desde o início de seu segundo mandato, Trump tem adotado uma política agressiva de tarifas sobre produtos estrangeiros, mirando principalmente parceiros comerciais relevantes como Canadá, México e China. No caso do aço, as taxas de 25% já estavam em vigor desde março, mas, com a escalada da cobrança, a expectativa é de que exportações sejam redirecionadas ou até mesmo reduzidas, afetando diretamente a cadeia produtiva brasileira.
O impacto nas siderúrgicas brasileiras é diverso. Enquanto empresas com forte atuação no mercado externo, como ArcelorMittal e Ternium, devem sofrer com a diminuição dos envios ao exterior, companhias voltadas ao mercado doméstico, como Gerdau, Usiminas e CSN, poderão enfrentar o aumento da concorrência interna e pressão sobre os preços.
Segundo José Luiz Pimenta, diretor da BMJ Consultoria, os EUA são um dos maiores consumidores mundiais de aço e alumínio, com uso disseminado em setores como construção civil, automóveis, eletrodomésticos e eletrônicos. Ele alerta que o Brasil terá que buscar novos mercados, o que não é tarefa fácil, dada a forte presença da China nesse segmento.
Dados do Departamento de Comércio dos EUA mostram que, em 2024, o Brasil exportou cerca de 4,1 milhões de toneladas de aço para os norte-americanos, ficando atrás apenas do Canadá (6 milhões de toneladas) e à frente do México (3,2 milhões). O cenário impõe um novo desafio ao setor nacional.
Relatório do Itaú BBA, divulgado em março, reforça esse diagnóstico. Ele indica que empresas exportadoras não listadas na bolsa brasileira — responsáveis por mais de 80% das exportações de aço — são as mais vulneráveis à nova taxação. A ArcelorMittal e a Ternium, por exemplo, exportam placas de aço para serem processadas nos EUA, operação que poderá ser comprometida.
Por outro lado, companhias com foco interno devem resistir melhor ao impacto, segundo o analista do Itaú BBA, Daniel Sasson. Em nota anterior, o Instituto Aço Brasil manifestou surpresa com a decisão americana e afirmou confiar na reabertura de diálogo entre os dois governos, relembrando o acordo de cotas de 2018 que regulava o fluxo comercial entre os países.
A medida integra o chamado tarifaço de Trump, uma série de aumentos impostos desde abril que atingem mais de 180 países. Após ser temporariamente bloqueada pela Justiça, a política tarifária foi retomada e continua a afetar produtos chineses e de setores estratégicos com alíquotas ainda mais elevadas. A expectativa é que, com a cobrança integral prevista para julho, os EUA ampliem sua pressão por acordos comerciais mais vantajosos.