Renan Calheiros, relator da CPI da covid, é indiciado pela Polícia Federal por corrupção
Segundo as investigações, o senador recebeu propina da Odebrecht para aprovar um projeto que beneficiou a empreiteira
Por Plox
03/07/2021 18h55 - Atualizado há quase 4 anos
O senador Renan Calheiros (MDB-AL), foi indiciado pela Polícia Federal, que o acusa de corrupção e lavagem de dinheiro. Os dados e provas obtidas pelos agentes federais foram enviados ao STF e concluíram que o político, relator da CPI da COVID, recebeu propina para aprovar um projeto de lei e, assim, beneficiar a empreiteira.
A decisão de apresentar denúncia contra o senador cabe agora à (Procuradoria Geral da República), para onde o relatório será encaminhado. Ainda segundo as investigações, a atuação criminosa do senador Renan Calheiros serviu para reduzir de 12% para 4% as alíquotas interestaduais do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), sobre produtos importados, o que acabou reduzindo a receita dos estados que oferecem os incentivos. Sobre as provas, a Polícia Federal diz que há “robustez do material probatório” e que não há dúvidas da autoria e materialidade dos crimes investigados que apontam o senador como corrupto.
Ainda de acordo com as investigações da Polícia Federal, Renan Calheiros teria recebido propina no dia 31 de maio de 2012. “Ademais, as investigações permitiram concluir que o montante de R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais) foi recebido em 31/05/2012, ano em que o parlamentar não disputou eleições, portanto fora do período eleitoral, o que exclui a possibilidade de entendimento da conduta como crime eleitoral”, diz um trecho do documento.

Ao comentar o caso, o senador, agora indiciado, negou as acusações e declarou que esse indiciamento seria uma retaliação pela sua atuação na CPI da COVID. Em nota, afirmou que a PF não tem competência para indiciar um senador. “A Polícia Federal não tem competência para indiciar senador. Apenas o STF. Essa investigação está aberta desde março de 2017 e como não encontraram prova alguma, pediram prorrogação. Estou surpreso que justamente agora, quando a PF, instituição de Estado, abre investigação sobre a Precisa para facilitar Habeas Corpus do vendedor da vacina da propina e garantir seu silêncio na CPI”, afirma Renan. “Mas não irei me intimidar. Os culpados pelas mortes, pelo atraso das vacinas, pela cloroquina e pela propina irão pagar”, diz.
O inquérito, de número 4382, foi aberto em 2017 e se refere ao período em que Renan Calheiros foi presidente do Senado. A construtora Odebrecht também comentou o caso. A empreiteira, que afirmou já ter subornado alguns políticos, dentre eles o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o ex-governador de Minas Gerais Fernando Pimentel (PT), o governador do Paraná Beto Richa (PSDB), o governador do Maranhão Flávio Dino (PC do B) e outros, afirma que mudou sua postura. Com o novo nome, Novonor, a empresa assegura que não comete mais crimes e que está à disposição para colaborar nas investigações. "A antiga Odebrecht, que hoje se chama Novonor, colaborou com a Justiça a partir de 2016. Desde essa época, a empresa fez acordos no Brasil com o MPF, AGU, CGU e CADE, e no exterior com o DOJ (EUA), Banco Mundial e BID, além de instituições de mais seis países. Todos os integrantes da empresa hoje têm compromisso com a ética, a integridade e a transparência", afirma a companhia.