Adoção de biometria cresce entre empresas brasileiras, revela estudo

Pesquisa mostra aumento na coleta de dados biométricos, mas destaca preocupação com privacidade

Por Plox

03/09/2024 08h57 - Atualizado há cerca de 2 meses

O número de empresas brasileiras que utilizam dados biométricos, como impressões digitais e reconhecimento facial, para identificar funcionários e clientes aumentou significativamente nos últimos anos, conforme aponta um estudo do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br). Entre 2021 e 2023, a proporção dessas empresas subiu de 24% para 30%, sinalizando uma crescente adoção dessa tecnologia no ambiente corporativo.

Crescimento do uso de dados biométricos e de saúde

O estudo, lançado recentemente pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), destaca também um aumento na coleta e armazenamento de dados de saúde por empresas, passando de 24% para 26% no mesmo período. Isso reflete uma tendência mais ampla de digitalização e automação dos processos internos nas empresas, embora traga à tona questões significativas sobre privacidade e segurança dos dados pessoais.

Adequação à LGPD em diferentes setores econômicos

Outro aspecto relevante do levantamento foi o avanço na conformidade com a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD) entre as empresas. Houve um aumento expressivo na proporção de organizações que realizaram mudanças em contratos vigentes para se alinhar à LGPD. Nas pequenas empresas, essa proporção subiu de 24% para 31%, enquanto nas grandes empresas, o crescimento foi de 61% para 67%. Setores como construção, transportes, alojamento e alimentação, e serviços também apresentaram uma adaptação significativa, com o setor de construção civil registrando um aumento de 22% para 35% na implementação dessas mudanças.

Preocupação com a privacidade dos dados biométricos

Apesar do aumento na adoção de tecnologias biométricas, o estudo revela uma crescente preocupação entre os usuários de internet brasileiros quanto à privacidade de seus dados. Cerca de 60% dos entrevistados manifestaram algum nível de preocupação ao serem solicitados a fornecer dados biométricos, com 32% se declarando "muito preocupados" e 28% "preocupados". Esse receio é ainda mais acentuado quando os dados são solicitados por instituições financeiras, órgãos governamentais e serviços de transporte público.

Necessidade de reforçar a segurança da informação

Alexandre Barbosa, gerente do Cetic.br, ressalta a importância de fortalecer as estratégias de proteção de dados pessoais e segurança da informação, especialmente à medida que cresce o uso de sistemas baseados em reconhecimento facial e impressão digital. "Com a ampliação do uso de sistemas baseados em reconhecimento facial e impressão digital, é compreensível que as pessoas estejam mais preocupadas em fornecer seus dados biométricos", afirmou Barbosa, enfatizando a necessidade de uma maior atenção à segurança da informação.

Metodologia da pesquisa

A pesquisa contou com a participação de 2.618 indivíduos com 16 anos ou mais e 2.075 empresas com dez ou mais funcionários, sendo realizada entre março e dezembro de 2023. Também foram entrevistados 677 órgãos federais e estaduais, 4.265 prefeituras, 4.117 gestores de estabelecimentos de saúde e 3.004 gestores escolares, abrangendo um período entre fevereiro de 2023 e abril de 2024. Os dados coletados fornecem uma visão abrangente sobre a percepção e uso de tecnologias de identificação biométrica no Brasil, assim como sobre a adequação das empresas à LGPD.

 

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