Marília Mendonça: Polícia Civil conclui que pilotos foram responsáveis pelo acidente
A Polícia Civil finaliza investigação sobre o trágico evento em Minas Gerais que levou à morte da cantora e outras quatro pessoas
Por Plox
03/10/2023 19h13 - Atualizado há mais de 1 ano
A Polícia Civil anunciou a conclusão da investigação sobre a causa e as circunstâncias do trágico acidente aéreo que resultou na morte da aclamada cantora Marília Mendonça, juntamente com outras quatro pessoas, em novembro de 2021, em Piedade de Caratinga, Minas Gerais. Em uma coletiva de imprensa, nesta quarta-feira (4), foi constatado imprudência e negligência dos pilotos.
Os encarregados por fornecer as informações ao público foram os delegados Gilmaro Alves Ferreira, Ivan Lopes Sales, Sávio Assis Machado Moraes e o inspetor Whesley Adriano Lopes Data, todos vinculados ao 12º Departamento de Polícia Civil em Ipatinga.
Segundo o delegado Ivan Sales, a aeronave deveria ter realizado a manobra do “perna do vento”, referente à aproximação do aeródromo de Caratinga, dentro da área de proteção do aeroporto. Ao realizar a perna do vento fora desse perímetro imaginário, os pilotos assumem o risco de colisão de algum tipo de obstáculo.
Ainda segundo o delegado, os pilotos deveriam ter feito uma análise visual anterior ao pouso, de morros e antenas. A aeronave deveria ter feito a manobra de perna do vento em uma velocidade específica e em um tempo específico, o que não foi feito. A manobra foi alongada e o piloto acabou saindo da zona de proteção do aeródromo e se chocando com as linhas de transmissão da Cemig.
Em relação às linhas de transmissão da Cemig, foi explicado na coletiva que a companhia não tinha obrigatoriedade de sinalizar os cabos. Isso por conta de estar fora da zona de proteção do aeroporto e por conta da altitude. Bem como o descarte de responsabilidade da Cemig, a investigação também descartou problemas técnicos do avião, atentado e problemas de saúde dos pilotos, como um mau-súbito.
Por fim, ficou evidenciado o homicídio culposo de três pessoas por parte dos pilotos. No entanto, a Polícia Civil recomendou o arquivamento do caso por não haver possibilidade penalização por conta da morte dos pilotos.
Relatório do Cenipa
Anteriormente, o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáutico (Cenipa) já havia finalizado seu relatório em maio deste ano. Vale lembrar que o Cenipa foca suas análises na prevenção de futuros acidentes, sem a prerrogativa de atribuir culpas.
Segundo o relatório do órgão, o procedimento de pouso adotado pelo piloto foi um fator determinante para o ocorrido. O piloto optou por uma rota alternativa ao padrão de pousos no aeroporto de Caratinga. Durante essa trajetória, o avião colidiu com um cabo de alta tensão da Cemig, levando ao trágico acidente. O Cenipa menciona que "houve uma avaliação inadequada acerca de parâmetros da operação da aeronave", resultando em uma trajetória de voo que se estendeu muito mais do que o esperado.
A hipótese levantada é de que o piloto buscou proporcionar um pouso mais confortável aos passageiros, "optando por alongar a perna do vento para uma aproximação final mais extensa, que tende a ser mais agradável".
Após o ocorrido, o Cenipa recomendou à Cemig a sinalização dos cabos de alta tensão envolvidos no acidente, medida que foi atendida pela companhia mineira em setembro.
Recordando Marília Mendonça
Marília Mendonça, apelidada de "Rainha da Sofrência", estava com 26 anos e em um momento brilhante de sua carreira quando o acidente aconteceu. A tragédia ocorreu a três quilômetros do aeroporto de Caratinga, local de destino da aeronave. No avião, também estavam Henrique Ribeiro, produtor, Abicieli Silveira Dias Filho, tio e assessor da cantora, Geraldo Martins de Medeiros, piloto, e Tarciso Pessoa Viana, copiloto. Todos faleceram no acidente.