Dólar sobe e Bolsa cai após isenção do IR avançar na Câmara

Moeda americana encerrou cotada a R$ 5,339, enquanto o Ibovespa recuou 1,07% diante do impacto da medida fiscal e da crise política nos EUA

Por Plox

03/10/2025 10h42 - Atualizado há cerca de 6 horas

O mercado financeiro brasileiro encerrou esta quinta-feira (2) em clima de instabilidade. O dólar avançou 0,21% e terminou o dia cotado a R$ 5,339, enquanto o Ibovespa acumulou queda de 1,07%, fechando aos 143.949 pontos. O movimento refletiu tanto as tensões externas quanto a repercussão da aprovação do projeto de isenção do Imposto de Renda pela Câmara dos Deputados.


Imagem Foto: Pixabay


A proposta aprovada concede isenção total do IR para trabalhadores que recebem até R$ 5.000 mensais e prevê desconto para quem ganha entre R$ 5.000 e R$ 7.350. Estima-se que 16 milhões de contribuintes serão beneficiados em 2026, com custo projetado de R$ 31,2 bilhões. Para compensar a renúncia fiscal, foi instituído um imposto mínimo de 10% sobre a renda mais alta, atingindo 141 mil contribuintes que hoje pagam, em média, 2,5% de imposto.



Segundo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a medida busca corrigir distorções e promover justiça tributária.
\"Não acredito que vá haver problemas, inclusive porque este projeto não busca só justiça tributária, ele busca justiça tributária com ancoragem fiscal\",

afirmou em entrevista. O texto ainda precisa ser avaliado pelo Senado.


O mercado, no entanto, mantém cautela. Analistas avaliam que, mesmo com a compensação, a medida pode elevar o consumo e pressionar a inflação, o que pode levar o Banco Central a prolongar a taxa Selic em 15% ao ano. Isso reduz a atratividade da Bolsa e fortalece investimentos em renda fixa.


A situação foi agravada por fatores externos. Nos Estados Unidos, a paralisação parcial do governo federal interrompeu serviços e adiou a divulgação de dados importantes, como o relatório payroll de setembro, que serve de referência para as decisões de juros do Federal Reserve. Até 750 mil servidores poderão ser dispensados, gerando impacto estimado de US$ 400 milhões.


Analistas destacam que, sem a publicação do payroll, cresce a incerteza sobre a economia americana, em um momento em que o Fed já sinalizou cautela sobre cortes de juros.
\"Para os investidores, a não publicação do payroll em momento em que o Fed está em processo de corte de juros é preocupante\",

avaliou José Faria Júnior, diretor da Wagner Investimentos.


Enquanto isso, a projeção do Fed de Chicago apontou que a taxa de desemprego dos EUA ficou em 4,3% em setembro, sugerindo estabilidade no mercado de trabalho. Apesar da turbulência, investidores ainda apostam em cortes de 0,25 ponto nos juros nas próximas reuniões do Fed, previstas para outubro e dezembro.


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