“Vesga sim, feia não”; com autoestima para cima, ela transforma deficiência em diferencial

Jovem conversou com o PLOX e contou “como transformou a dor em positividade”

Por Plox

03/11/2021 09h20 - Atualizado há mais de 2 anos

Com essa reposta, a jovem Nathalia Conceição da Silva, de 22 anos, começou sua entrevista ao PLOX: “Sim, as pessoas zombavam muito de mim. Sofri com isso desde criança”, Mas as falas mais marcantes ainda estavam por vir. 
Nathalia tem estrabismo, um desequilíbrio na função dos músculos dos olhos que faz os dois olhos serem “desalinhados”. Nessa condição, enquanto um dos olhos fixa um objeto, o outro é desviado para outra posição.
A jovem contou que o sofrimento era constante, em função das humilhações e críticas pela condição de ter os olhos diferentes

“Já começou quando eu era criança. Eu tapava o olho com meu cabelo para que ninguém percebesse. Mas as pessoas são más e quando percebem que algo nos entristece, aí que elas criticam e ofendem mais ainda”, disse.

 

Instagram

Segundo Nathalia, qualquer diferença física de uma pessoa é usada por outras visando ofender e inferiorizar. “Sofri assim até por volta dos 17 anos. Me chamavam caolha e coisas assim. Quer saber de uma coisa, pensei. A partir de agora não tô nem aí com quem me criticar. Me aceitei e me lembrei que tem pessoas que nem se quer enxergam. Isso sim! É muito mais sofrimentos do que as críticas dessas pessoas”, declarou.

 

 

estrabismo,

 

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Nathalia passou a se mostrar no Instagram e a brincar com sua condição. Os seguidores foram chegando e o que parecia ser um problema foi se tornando um diferencial. Nathalia até admite que recebe mais investidas dos rapazes do que se não tivesse os olhos assim. 
Em uma de suas postagens, já aliviada do estigma, a jovem, que mora em Brasília, escreveu “Vesga sim, feia não”. A frase atende ao desejo de comunicar a sua mudança de lado. Como toda jovem nas redes socais, ela não perde a oportunidade em melhorar o visual. Cabelos, maquiagens e unhas feitas são armas nesse mundo tão guiado pela aparência.  

 

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Mas segundo Nathalia, seu perfil no Instagram tem obtido resultados mais nobres. “Vi que muitas pessoas têm autoestima baixa e sofrem por, assim como eu, terem algo de diferente. Muitas têm o mesmo problema, porém, com o meu jeito de lidar com isso, todos estão percebendo que há outra forma de encarar a situação. Muitos tem me agradecido”, conta.


Filho nasceu com mesma condição, mas foi operado

Nathalia contou que trabalhava em uma confecção de roupas. Atualmente está se ajustando à atividade de digital influencer. Ela de tem um filho. O garotinho, Bryan, está com 3 anos e fará 4 em janeiro. 

 

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Foto: reprodução Instagram

 

Ela contou que dos 7 irmãos, só ela nasceu assim. Contou também que o pai e a mãe têm os olhos normais. “Mas meu filho nasceu igualzinho a mim, gente”, contou sorrindo. A seguir, ela disse que o menino foi operado ainda aos 11 messes e que ela também pretende se operar. “Na verdade, minha mãe procurou o SUS quando eu era bebê e até hoje não me chamaram para a cirurgia. Em 2019, eu mesma procurei o sistema de saúde. Mas até hoje nada. Então, agora, vou fazer em uma clínica particular”, disse.


Se você ficar triste, as pessoas te ofendem mais

Uma das respostas dadas por Nathalia que mais chama a atenção ela deu ao ser questionada sobre a atitude das pessoas ao perceberem que as críticas lhe entristeciam. 

 

 

Contrariando a reação esperada de quem criticava pararia com as críticas ao perceber estar provocando tristeza, a moça diz que “Quando as pessoas percebem que alguma coisa lhe deixa triste, lhe incomoda, aí aquilo passa a ser ainda mais destacado por elas. Se entristecer só vai aumentar o desejo das pessoas ofenderem. Aprendi que, se Deus me fez assim, é assim que vou ser feliz”, encerrou.
 

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