Evo Morales mantém greve de fome na Bolívia até que rival aceite diálogo

Ex-presidente busca diálogo com governo de Luis Arce em meio a protestos e bloqueios no país

Por Plox

03/11/2024 23h13 - Atualizado há cerca de 1 mês

O ex-presidente boliviano Evo Morales declarou neste domingo (3) que continuará em greve de fome até que o governo de seu ex-aliado e atual rival, o presidente Luis Arce, aceite iniciar um diálogo político. A iniciativa visa amenizar os protestos que têm paralisado o país nas últimas semanas, organizados por apoiadores de Morales que acusam o governo de perseguição política.

Direto de Chapare, região rural da Bolívia e centro de produção de coca onde se concentra seu apoio, Morales falou em seu terceiro dia sem se alimentar. "Minha luta é para melhorar a situação do país e iniciar um diálogo sem condições sobre dois temas, um econômico e outro político", afirmou o ex-presidente à Associated Press, enquanto se encontrava na sede da federação dos produtores de coca, entidade que ele lidera há anos.

Protestos e bloqueios nas estradas

Os protestos ganharam força nas últimas três semanas, com apoiadores de Morales bloqueando estradas importantes em oposição ao governo de Arce, ex-ministro da Economia de Morales e atual presidente. O conflito entre os dois líderes socialistas ocorre enquanto disputam o comando do partido governista em meio à preparação para as eleições do próximo ano.

As manifestações incluem bloqueios de estradas estratégicas, afetando seriamente o abastecimento nas principais cidades bolivianas e elevando os preços de alimentos e combustíveis. Em La Paz e outras regiões, a situação tem gerado preocupações com a escassez de produtos essenciais. Morales acusa o governo de ressuscitar um caso de abuso sexual de 2016 como forma de retaliação política, e nega todas as acusações. “Meu crime é ser indígena”, afirmou.

Repressão e tensão nas ruas

Diante da pressão popular, o governo de Arce enviou aproximadamente 3.000 policiais, equipados com gás lacrimogêneo e apoiados por helicópteros, para tentar desmobilizar os bloqueios. A jornada da equipe da Associated Press até Morales ilustra a tensão e a logística das manifestações: após um percurso de 11 horas, passando por colinas, estradas obstruídas e dezenas de barreiras improvisadas.

Os bloqueios de estradas são uma prática comum em protestos na Bolívia, onde a geografia montanhosa facilita o isolamento das cidades por meio de pontos de controle. O agricultor Eusebio Urbano, um dos manifestantes que apoia Morales, declarou: “Vejo o povo se levantando ainda mais. Não sei o que este governo pensa... Não tentam resolver nada. Precisamos continuar pressionando até que saiam.”

A situação continua tensa e sem previsão de resolução, enquanto Morales mantém sua greve de fome como forma de pressão por uma abertura para o diálogo.

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