Trump adota retórica violenta enquanto Kamala busca apoio de cristãos e árabes-americanos
Eleições apertadas nos EUA, com candidatos dividindo apoio em estados-chave
Por Plox
03/11/2024 23h39 - Atualizado há 16 dias
A candidata democrata Kamala Harris intensificou sua campanha à presidência dos Estados Unidos neste domingo (3), fazendo discursos para uma congregação histórica negra e para a comunidade árabe-americana no estado decisivo de Michigan. Já o republicano Donald Trump adotou uma retórica mais agressiva em um comício na Pensilvânia.
Pesquisas mostram uma disputa acirrada entre os candidatos. Harris, de 60 anos, conta com forte apoio entre as mulheres, enquanto Trump, de 78 anos, tem conquistado votos entre hispânicos, especialmente entre homens. Apesar de ambos os candidatos terem alta rejeição entre os eleitores, mais de 77 milhões de pessoas já votaram antecipadamente, segundo o Election Lab da Universidade da Flórida. Esse número representa quase metade do total de votos em 2020, quando a participação foi recorde em mais de um século.
A corrida pelo controle do Congresso também ocorre nesta terça-feira (5). Republicanos têm uma vantagem no Senado, enquanto democratas disputam para reverter a pequena maioria republicana na Câmara dos Representantes. Nos últimos anos, presidentes que não contaram com apoio nas duas casas do Congresso enfrentaram dificuldades para aprovar grandes legislações.
Harris pede ação e fala sobre Gaza
No domingo, Harris discursou na Greater Emmanuel Institutional Church of God in Christ, em Detroit, reforçando a importância do voto. “Temos o poder de decidir o futuro do nosso país para as próximas gerações. Não basta apenas orar; é preciso agir”, afirmou.
Mais tarde, em um comício em East Lansing, Michigan, Harris se dirigiu aos cerca de 200 mil árabes-americanos do estado. Iniciou sua fala lembrando as vítimas civis do conflito entre Israel, Hamas e Hezbollah. “Este ano tem sido difícil, com tanta destruição e mortes em Gaza e Líbano. Como presidente, farei de tudo para pôr fim à guerra em Gaza”, declarou, sendo aplaudida.
Contudo, Harris enfrenta desconfiança de parte dessa comunidade, que esperava uma postura mais ativa para acabar com o conflito e reduzir o apoio dos EUA a Israel. Trump, que também esteve em Dearborn, Michigan, na sexta-feira, prometeu encerrar os conflitos no Oriente Médio, sem detalhar como pretende fazê-lo. Alguns eleitores, como Samah Noureddine, de Grosse Ile, disseram estar decepcionados com ambos os candidatos. “Harris financia o genocídio, e se Trump vencer, também vamos sofrer”, afirmou ela, que decidiu votar na candidata Jill Stein, do Partido Verde.
Trump se desvia do discurso e ataca adversários
Em seu primeiro de três comícios no domingo, Trump afastou-se diversas vezes do teleprompter e fez declarações improvisadas, atacando democratas, a mídia e até o preço das maçãs. O ex-presidente, que sobreviveu a uma tentativa de assassinato em julho, queixou-se das brechas no vidro à prova de balas que o cercava e afirmou que, para atingi-lo, um possível atirador teria de “passar pela mídia fake”.
Na semana passada, Trump sugeriu que a ex-congressista Liz Cheney, uma crítica republicana, deveria enfrentar um combate armado, o que levou promotores no Arizona a abrir uma investigação. O porta-voz da campanha de Trump, Steven Cheung, afirmou que o comentário foi uma resposta a ameaças feitas contra ele, alimentadas por “retóricas perigosas dos democratas”.
Depois da Pensilvânia, Trump ainda discursou em Kinston, na Carolina do Norte, e encerrou o dia em um comício noturno em Macon, na Geórgia. Dentre os sete estados considerados decisivos, Geórgia e Carolina do Norte possuem 16 votos cada no Colégio Eleitoral, sendo a Pensilvânia o maior prêmio com 19.
No final de seu discurso na Pensilvânia, Trump, cujas alegações de fraude na derrota de 2020 incentivaram a invasão do Capitólio em 6 de janeiro de 2021, comentou que preferia não ter deixado o poder. “Tínhamos a fronteira mais segura da história do nosso país no dia em que saí. Honestamente, não deveria ter saído, pois fizemos um grande trabalho”, afirmou. Ele também defendeu que os resultados das eleições sejam divulgados na noite do pleito, embora autoridades de vários estados alertem que a apuração final pode levar dias.
Democratas garantem que estão preparados caso Trump tente declarar vitória antes da conclusão da contagem dos votos.