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Lô Borges, ícone do Clube da Esquina, morre aos 73 anos em BH

Cantor e compositor faleceu após complicações por intoxicação medicamentosa; deixou legado na música brasileira e internacional.

03/11/2025 às 09:54 por Redação Plox

Morreu em Belo Horizonte, aos 73 anos, o cantor e compositor Lô Borges, reconhecido como um dos grandes nomes da música brasileira. A confirmação do falecimento foi feita pela família do artista na segunda-feira (3).

Legenda não informada

Foto: Reprodução

Internação e últimos dias

Lô Borges estava internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) desde 17 de outubro, após sofrer uma intoxicação por medicamentos. Durante o período, precisou de ventilação mecânica e, no dia 25 de outubro, passou por um procedimento de traqueostomia.

Clube da Esquina e a revolução na música brasileira

Ao lado de Milton Nascimento, Lô Borges foi um dos fundadores do Clube da Esquina, movimento musical que mudou os rumos da música nacional. Entre as composições de destaque do músico mineiro estão clássicos como “Um girassol da cor do seu cabelo”, “O trem azul” e “Paisagem da Janela”.

Origens e primeiros encontros musicais

Salomão Borges Filho nasceu no bairro Santa Tereza, em Belo Horizonte, sendo o sexto filho de uma família de 11 irmãos. Ainda na infância, mudou-se temporariamente para o Centro da capital mineira, uma mudança que marcaria para sempre sua trajetória.

Foi nas escadas do Edifício Levy, aos 10 anos, que ele conheceu Milton Nascimento.

Sentei na escadaria, dei de cara com um carinha tocando violão, era o Bituca. Eu tinha 10 (anos), e ele tinha 20. [...] Fiquei vendo o Bituca tocando violão, e ele assim comigo: 'Você gosta de música, né, menino?' Lô Borges, em entrevista ao programa Conversa com Bial (2023)

Outro encontro marcante aconteceu dois meses depois, nas ruas do Centro de BH. Aos 10 anos, conheceu Beto Guedes enquanto este andava de patinete.

Retorno ao Santa Tereza e consolidação da carreira

De volta ao bairro de origem, Lô Borges seguiu o caminho dos irmãos e se dedicou à música nas ruas boêmias de Santa Tereza. Milton Nascimento continuava frequentando a casa dos Borges, o que rendeu a criação de parcerias fundamentais para o Clube da Esquina.

Tocou a campainha lá na casa da minha mãe, era o Milton Nascimento falando: 'Cadê o Lô?'. 'Ah, o Lô tá na esquina, num lugar que eles chamam de 'clube da esquina', ele está lá'. Aí o Bituca veio com o violãozinho dele, comecei a mostrar a harmonia que eu estava fazendo, era uma harmonia do Clube da Esquina, ele começou a fazer a melodia, e aí a gente fez a parceria Clube da Esquina. E na época ele já era famoso, eu era anônimo Lô Borges

Foi nas esquinas das ruas Divinópolis com Paraisópolis que surgiram músicas reconhecidas internacionalmente. O Clube da Esquina tornou-se movimento musical e, em 1972, virou também o nome de um disco que, décadas depois, seria apontado como o maior álbum brasileiro já lançado.

O disco Clube da Esquina também aparece como o nono melhor de todos os tempos no ranking da revista norte-americana Paste Magazine, que elencou 300 álbuns históricos.

Carreira solo, hiatos e novos caminhos

No mesmo ano do lançamento do icônico álbum, Lô Borges gravou seu primeiro trabalho solo, conhecido como Disco do Tênis. O sucesso repentino o levou a pausar as apresentações e viver um período na Bahia, na região de Arembepe.

Eu estava vivendo a minha vida, tocando violão, eu não parei de compor, as canções foram se avolumando na minha vida, aí eu voltei em 78, com muito mais maturidade e fiz um álbum que eu considero um dos melhores álbuns que eu já gravei, que já compus, que é o Via Láctea Lô Borges

Em 1984, Lô iniciou sua primeira turnê nacional com o disco Sonho Real. Na década de 1990, a parceria com Samuel Rosa em “Dois Rios” marcou uma nova fase de reconhecimento.

Lançamentos recentes e legado

Desde 2019, o artista mantinha o hábito de lançar um álbum de músicas inéditas a cada ano. O mais recente de sua carreira foi Céu de Giz, lançado em parceria com Zeca Baleiro, em agosto de 2025.

A trajetória de Lô Borges deixa uma marca profunda na história da música brasileira, com composições que seguem influenciando gerações.

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