Influenciadores são presos suspeitos de promover jogos de azar na Grande BH

A Polícia Civil de Minas Gerais prendeu temporariamente um casal de influenciadores digitais, Dan GS, de 26 anos, e Carol Racer, de 28, sob suspeita de exploração de jogos de azar, crimes contra a economia popular e lavagem de dinheiro. A prisão ocorreu em um condomínio de luxo em Esmeraldas, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.

Lucros elevados com rifas e apostas

De acordo com o delegado Magno Machado Nogueira, do Departamento Estadual de Combate à Corrupção e a Fraudes, Dan possui 2,2 milhões de seguidores, enquanto Carol acumula 487 mil. Juntos, eles geravam uma receita mensal de aproximadamente R$ 140 mil: R$ 100 mil de Dan e R$ 40 mil de Carol.

Os investigados começaram explorando rifas há cerca de quatro anos e, mais recentemente, migraram para o "Jogo do Tigrinho", considerado mais lucrativo. Para operacionalizar as apostas, utilizavam plataformas internacionais, como uma de origem chinesa, que não possuíam registro no Brasil.

Bens de luxo e vida ostentação

Durante a operação, a polícia apreendeu um patrimônio expressivo: quatro carros de luxo, um jet ski, quatro quadriciclos, um veículo UTV (buggy utilizado em trilhas off-road) e diversas joias. Além disso, foi constatado que o casal possuía imóveis em condomínios de alto padrão.

Investigações e denúncias

As investigações, conduzidas pelo Serviço de Inteligência do Departamento Estadual de Combate à Corrupção e a Fraudes, revelaram que o casal lucrava também com cadastros realizados nas plataformas de apostas. A polícia trabalha para determinar se eles também ganhavam dinheiro quando os apostadores perdiam.

Até o momento, nenhuma vítima foi identificada, mas o delegado Magno Machado acredita que o número de lesados possa chegar a milhares. Ele fez um apelo para que mais pessoas denunciem: “As portas da nossa delegacia estão abertas. Quanto mais vítimas comparecerem, melhor para a investigação e para a sociedade como um todo”.

O casal ainda poderá ser indiciado por sonegação de impostos e estelionato.

Impacto social das apostas ilegais

Adriano Assunção, chefe do Departamento Estadual de Combate à Corrupção e a Fraudes, destacou os efeitos devastadores dos jogos de apostas ilegais. “Muitas famílias têm suas vidas destruídas. Pessoas apostam compulsivamente, perdem tudo, adoecem, desenvolvem depressão e, muitas vezes, envolvem jovens e menores de idade nesse ciclo”, explicou.

Para atrair vítimas, o casal divulgava vídeos mostrando supostos ganhos em apostas, criando uma falsa ideia de facilidade e lucro, segundo as investigações.

Crimes envolvendo influenciadores crescem

Este não é um caso isolado. Em 2024, o Departamento Estadual já investigou seis casos semelhantes envolvendo influenciadores digitais, com outros três em andamento. Um dos mais conhecidos é o de GeBe, influenciador com 2,3 milhões de seguidores, preso desde setembro. Ele é acusado de gerar uma receita mensal de R$ 1 milhão com apostas ilegais, lavagem de dinheiro e sonegação fiscal.