O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, demonstrou solidariedade ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesta segunda-feira (2), após a Polícia Federal (PF) revelar o envolvimento do ex-presidente Jair Bolsonaro em uma suposta tentativa de golpe em 2022. Durante seu programa de televisão, Maduro classificou como "planos macabros" as ações que teriam buscado impedir a posse de Lula, enfatizando seu apoio ao líder brasileiro.

Relatório da PF e implicações
De acordo com o relatório divulgado pela PF na última semana, Bolsonaro teria "pleno conhecimento" de um suposto plano para assassinar Lula, que venceu as eleições presidenciais de outubro de 2022. O documento foi enviado à Procuradoria-Geral da República (PGR), que avaliará se indiciará o ex-presidente e outros 36 nomes relacionados ao caso. O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), retirou o sigilo do relatório antes de enviá-lo à PGR.

Solidariedade de Maduro
Maduro enfatizou seu apoio ao Brasil e a Lula, pedindo que o povo brasileiro proteja o presidente. "Peço ao povo do Brasil que cuide do seu presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que é um grande homem", declarou. Ele também comparou a situação ao que ocorre na Venezuela: "Entendo perfeitamente essas notícias que chegam do Brasil, porque aqui somos vítimas do mesmo".

Relações Brasil-Venezuela: tensões e reaproximação
Apesar das recentes demonstrações de alinhamento entre os países, as relações entre Brasil e Venezuela passaram por momentos de tensão nos últimos meses. Em julho, Lula questionou a transparência das eleições venezuelanas de 28 de julho, que garantiram a reeleição de Maduro para um terceiro mandato (2025-2031). A oposição venezuelana denunciou fraude, e a questão contribuiu para o atrito diplomático.

Outro ponto de tensão ocorreu em outubro, quando o Brasil vetou a entrada da Venezuela nos Brics durante a cúpula do bloco realizada em Kazan, na Rússia.

Declarações recentes e mudança de tom
A reaproximação ganhou força em novembro, quando Lula afirmou, em entrevista, que Maduro era um "problema" da Venezuela e não do Brasil. A declaração foi bem recebida pelo líder venezuelano, que declarou estar "de acordo" com o presidente brasileiro, sinalizando uma possível melhora no relacionamento entre os países.