Extra

VÍDEO: abelha é flagrada 'tomando banho' de pólen e viraliza; entenda o que significa

Cena curiosa mostra abelha totalmente coberta por pólen dentro de flor de Hibiscus syriacus; bióloga explica que comportamento está ligado à higiene do corpo e destaca papel do inseto na polinização e na manutenção dos ecossistemas

03/12/2025 às 10:20 por Redação Plox

Um vídeo que circula nas redes sociais mostra uma abelha completamente coberta por pólen dentro de uma flor da espécie Hibiscus syriacus. À primeira vista, a cena parece um “banho” de pólen, com o inseto se esbaldando no interior da flor. Mas, de acordo com a bióloga Patrícia Nunes Silva, doutora em Entomologia e especialista em abelhas e polinização, o comportamento está ligado à limpeza do corpo, e não à alimentação.



Especialista explica que o comportamento está ligado à limpeza do inseto, e não à alimentação.

Vídeo: Reprodução / Redes sociais.

‘Banho’ de pólen é, na verdade, higiene

No vídeo, a abelha aparece coberta por uma grande quantidade de grãos amarelos, que se soltam sobre as pétalas à medida que ela se movimenta. Em vez de armazenar o pólen nas pernas para levá-lo à colmeia, o inseto esfrega uma perna na outra, em um comportamento que indica tentativa de remoção do material. Segundo a especialista, algumas espécies podem não se adaptar bem a certos tipos de pólen e, possivelmente, a abelha foi atraída pelo néctar e acabou se “sujando” mais do que o comum.


A flor registrada pertence à família das malváceas, grupo em que o pólen costuma ser formado por grãos grandes e cobertos de espinhos. Esse conjunto de características ajuda a explicar o aspecto da cena: o volume de pólen aderido ao corpo é considerado incomum, reforçando a impressão de que a abelha está totalmente recoberta.


Quando os grãos são menores, o inseto também pode ficar coberto, mas sem o mesmo impacto visual. Nesse caso, o tamanho e o formato do pólen contribuem diretamente para o efeito visto nas imagens.

Estrutura do corpo favorece acúmulo de pólen

As abelhas possuem características corporais que favorecem tanto a coleta quanto o acúmulo de pólen. Os pelos que recobrem o corpo são ramificados, o que facilita a aderência dos grãos. Além disso, durante o voo, o corpo do inseto adquire carga positiva, enquanto o pólen tem carga negativa. Essa diferença eletrostática aumenta a atração entre ambos e intensifica a quantidade de partículas presas ao animal.


Apesar da qualidade do registro, não é possível identificar com precisão qual espécie de abelha aparece no vídeo, já que não há detalhes suficientes das estruturas do inseto. Também não há confirmação de que a gravação tenha sido feita no Brasil.

Pólen e néctar: funções distintas na alimentação

O pólen que aparece em excesso nas imagens é uma das principais fontes de proteína para as abelhas, fundamental especialmente nas fases iniciais de desenvolvimento. Abelhas adultas podem consumi-lo, mas ele é utilizado, sobretudo, na alimentação das larvas. Já o néctar, rico em carboidratos, é a principal fonte de energia dos insetos.


De acordo com a bióloga, o comportamento observado no vídeo está diretamente relacionado ao tipo de flor visitada e à oferta de néctar, sem ligação com fatores como temperatura, horário do dia ou disponibilidade geral de alimento na região.

Importância para a polinização e os ecossistemas

Embora o registro não permita concluir que haja abundância de flores no local onde a cena foi gravada, ele ilustra de forma clara o papel das abelhas na polinização. A grande quantidade de pólen aderida ao corpo mostra como esses insetos são eficientes em transportar grãos de uma flor a outra, conectando diretamente seu comportamento à reprodução das plantas.


Nos trópicos, uma alta proporção das plantas com flores depende de animais para a polinização, processo que dá início à formação de sementes e frutos. Nesse contexto, as abelhas se destacam como alguns dos polinizadores mais eficientes, sustentando não apenas a diversidade de ecossistemas naturais, mas também a produção agrícola que depende desse serviço ambiental.

Compartilhar a notícia

V e j a A g o r a