Minas confirma primeira morte por febre amarela em 2025

Este é o segundo caso registrado da doença no atual período sazonal, que considera as notificações entre julho de 2024 e junho de 2025

Por Plox

04/02/2025 06h18 - Atualizado há cerca de 1 mês

O estado de Minas Gerais confirmou a primeira morte por febre amarela em 2025. O paciente, morador de Extrema, no Sul do estado, teve a infecção confirmada pela Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) nesta segunda-feira (3/1). O governo estadual ainda investiga o local exato onde ocorreu a contaminação.

Este é o segundo caso registrado da doença no atual período sazonal, que considera as notificações entre julho de 2024 e junho de 2025. O primeiro caso foi identificado em 7 de janeiro deste ano. A vítima, um homem de 65 anos, morador de Camanducaia, também no Sul de Minas, está internado em São Paulo, onde trata um linfoma, mas não corre risco de morte.

Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

Casos levantam suspeitas sobre a transmissão no Sul de Minas

As investigações indicam que o paciente de Camanducaia pode ter contraído a doença em um sítio próximo à cidade de Itapeva, onde há registros de epizootias – mortes de macacos que podem indicar circulação do vírus. A febre amarela é uma zoonose transmitida pelos mosquitos dos gêneros Haemagogus e Sabethes, e a morte de primatas em determinadas áreas é um alerta importante para surtos da doença.

Diante do avanço da febre amarela, Minas Gerais está entre os estados em alerta máximo, conforme nota técnica divulgada pelo Ministério da Saúde no domingo (2/2). O documento recomenda que as secretarias estaduais intensifiquem as ações de combate à doença, incluindo a vacinação e o monitoramento da morte de animais.

Histórico da febre amarela em Minas e no Brasil

Nos últimos anos, a febre amarela tem surgido de maneira cíclica em áreas fora da Amazônia, principalmente no período entre dezembro e maio, quando as condições climáticas favorecem a transmissão.

No período sazonal anterior (2023/2024), duas mortes foram confirmadas no Brasil. Um dos óbitos ocorreu em 2024, em Águas de Lindóia, São Paulo, com provável infecção em Monte Sião, região próxima aos casos de 2025. Em 2023, uma morte foi registrada em Monte Santo de Minas, de um paciente não vacinado que havia visitado São Sebastião do Grama, São Paulo.

Desde a reemergência do vírus em 2014, principalmente no Centro-Oeste, a doença tem se espalhado para outras regiões. Entre 2014 e 2023, o Brasil contabilizou 2.304 casos de febre amarela em humanos, dos quais 790 resultaram em morte. Em Minas Gerais, o surto mais severo ocorreu entre 2016 e 2018.

Vacinação ainda abaixo da meta

A vacinação é a principal medida de controle da febre amarela. O imunizante é oferecido gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em todas as Unidades Básicas de Saúde (UBS).

Em Minas Gerais, a cobertura vacinal da população-alvo (crianças menores de 1 ano) era de 86,27% até novembro de 2024, abaixo da meta de 95% estipulada pelo Ministério da Saúde. Em Itapeva, município onde foram detectados casos de epizootia, a taxa de imunização era de 83,3%.

A vacina contra a febre amarela é recomendada para pessoas a partir dos 9 meses de idade, com um esquema de duas doses para crianças menores de 5 anos – a primeira aos 9 meses e um reforço aos 4 anos. Para pessoas de 5 a 59 anos que nunca se vacinaram, a dose única é indicada. Indivíduos acima de 60 anos podem ser imunizados após avaliação médica.

Além disso, viajantes que se deslocam para áreas com circulação do vírus, seja no Brasil ou no exterior, devem se vacinar com pelo menos 15 dias de antecedência.

Sintomas e riscos da febre amarela

A febre amarela tem um ciclo silvestre no Brasil, com os mosquitos vetores encontrando condições ideais de transmissão em áreas de mata. Os últimos registros da doença na forma urbana ocorreram em 1942.

Os sintomas podem variar de leves a graves, incluindo febre alta, icterícia, hemorragia e, em casos severos, choque e insuficiência de múltiplos órgãos. Segundo o Ministério da Saúde, entre 20% e 50% das pessoas que desenvolvem a forma grave da doença podem morrer.

Diante de qualquer sinal da doença, a recomendação é buscar atendimento médico imediato para diagnóstico e tratamento adequado.

 

 

 

 

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