Goalball: o esporte inclusivo que promove a saúde física e mental de deficientes visuais

Um esporte inclusivo e emocionante, que valoriza a habilidade e a estratégia dos jogadores com deficiência visual. Este é o goalball, uma modalidade esportiva exclusiva para pessoas com deficiência visual, que se destaca por ser a única genuinamente Paralímpica. Diferentemente de outras modalidades, que foram adaptadas de esportes convencionais, o goalball foi criado especificamente para pessoas com deficiência visual.

Desde 2022, a Associação dos Deficientes Visuais de Timóteo e Amigos (ADEVITA) tem uma equipe de goalball. O time tem se preparado para participar do Campeonato Regional de Goalball, que acontecerá em Belo Horizonte entre os dias 28 de março e 1º de abril. 

A equipe do ADEVITA, composta por sete jogadores e treinada pela técnica Lucinete Ferreira Silva, foi criada no ano passado e está treinando há cerca de três semanas na quadra poliesportiva do CEFET, no Centro de Timóteo.

O Campeonato Regional de Goalball contará com a participação de equipes de Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro e São Paulo.

Apesar dos desafios, a equipe do ADEVITA está animada para participar do Campeonato Regional de Goalball e mostrar seu potencial. "A gente está indo como os novatos neste momento, mas eu creio que como muito esforço e com muita dedicação do nosso time, a gente vai mostrar que dentro de Timóteo existe um time que vai brigar por muitas medalhas", disse Romário Rocha, um dos atletas do time.

Goalball: mais do que esporte, uma ferramenta de inclusão

O goalball é um esporte importante para a inclusão social e a promoção da saúde física e mental dos deficientes visuais. Para os jogadores do ADEVITA, o esporte tem um significado especial, como explicou Josemar de Souza.

"O goalball na minha vida tem um significado muito importante porque já há algum tempo eu estava parado com o esporte, e agora, desde o ano passado nós voltamos, e é uma satisfação mental, é bom para nossa saúde".

Josemar também aproveitou para falar sobre a falta infraestrutura  e a dificuldade de deficientes praticarem atividades esportivas. “Quando a pessoa é vidente [enxerga] ela pode pegar a chuteira dela, o calçado e ir para quadra com os amigos jogar. E nós, pessoas com deficiência, principalmente visual, não temos um campo para praticar um esporte", desabafou Josemar de Souza.

Romário descobriu que estava ficando cego em 2018 e explica a importância do esporte em sua vida. “Eu descobri que eu estava com uma deficiência visual em 2018 e o goalball entrou na minha vida em 2022", contou. 

"Pra mim foi uma felicidade grande porque as pessoas que são deficiente visual não tem aquela facilidade de sair, jogar bola com os amigos, através goalball eu ganhei essa liberdade novamente de poder praticar um novo tipo de esporte”, disse o atleta. Romário também revelou à equipe de reportagem que se não fosse o esporte, ele poderia estar em depressão. 

CEFET cede quadra para equipe treinar

O novo local de treinamento da equipe do ADEVITA, na quadra do CEFET, oferece uma estrutura melhor para os praticantes, com a quadra nas medidas corretas e a superfície plana. Antes, a equipe precisava adaptar um local para praticar o esporte. Luiza Aguiar, professora de educação física do CEFET, explicou que a instituição está feliz em poder oferecer uma quadra adequada para a prática do goalball.

"A gente tem recebido agora o CREIA/ADEVITA neste espaço, eles não tem um espaço próprio para desenvolver o Paradesporto, então a gente fica muito feliz de poder oferecer uma quadra que tenha essas condições, que tenha as medidas adequadas, a superfície adequada para isso, então a gente está ajudando para poder fazer que eles se preparem para os campeonatos, mas também que continuem a desenvolver essas atividades aqui".

Equipe a procura de patrocínio

No entanto, a equipe do ADEVITA ainda precisa de patrocínio para o uniforme que usará no torneio regional, além de um par de gols próprios para a prática do esporte. A treinadora Lucinete Ferreira Silva alertou para essa necessidade e espera que empresas e o poder público possam ajudar o esporte paraolímpico. "Nós estamos precisando de patrocinadores para poder custear o uniforme e o gol do goalball, porque nós temos um gol que é adaptado", disse ela.

O que é goalball?

O goalball é um esporte exclusivo para deficientes visuais, em que os jogadores usam uma venda nos olhos para que todos fiquem em igualdade de condições, visto que pode jogar cegos e pessoas com baixa visão. 

No goalball, cada equipe tem três jogadores em quadra e mais três reservas. O objetivo é marcar o maior número de gols possível, usando uma bola com um guizo no interior, que é lançada de um lado para o outro da quadra.

"A bola é parecida com a bola de basquete, mas ela tem uns furos ao redor dela nas duas laterais, porque tem um sino dentro para que os meninos possam ouvir o guizo", explicou a treinadora Lucinete.

O goalball é uma modalidade esportiva que requer habilidades táteis e auditivas, e por isso é disputado em um ambiente silencioso. As partidas são divididas em dois tempos de 12 minutos, com um intervalo de 3 minutos. Os jogadores têm tanto a função de arremessadores quanto de defensores, e o arremesso deve ser rasteiro ou tocar nas áreas obrigatórias. O goalball é dividido em duas categorias: feminina e masculina, ambas com presença garantida no programa Paralímpico e Mundial.

Além disso, é importante destacar que durante as partidas, não pode haver barulho no ginásio, exceto no momento entre o gol e o reinício do jogo, e durante as paradas oficiais. A arbitragem segue padrões em inglês para que os comandos sejam facilmente compreendidos pelos atletas de qualquer parte do mundo. O goalball é um esporte inclusivo e emocionante, que valoriza a habilidade e a estratégia dos jogadores com deficiência visual.