Risco de golpe no Brasil era maior do que se pensava, diz Barroso

O ministro apontou as ações golpistas vinculadas ao governo Bolsonaro como quebras significativas na estabilidade institucional brasileira, até então preservada desde a promulgação da Carta Magna

Por Plox

04/03/2024 17h13 - Atualizado há mais de 1 ano

Luís Roberto Barroso, ministro do Supremo Tribunal Federal, em recente palestra na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, alertou sobre a proximidade maior que o antecipado de uma possível ruptura democrática no Brasil. Segundo ele, investigações recentes indicam que o país esteve mais perto de enfrentar um golpe de Estado do que se imaginava, especialmente nos anos que marcaram o governo de Jair Bolsonaro. Barroso ressaltou a surpresa ao perceber que, mesmo no século 21, a nação ainda se via ameaçada por tentativas de golpe, contradizendo a expectativa de progresso após as garantias institucionais reforçadas pela Constituição de 1988.

Foto: Valter Campanato/ Agência Brasil

O ministro apontou as ações golpistas vinculadas ao governo Bolsonaro como quebras significativas na estabilidade institucional brasileira, até então preservada desde a promulgação da Carta Magna. A politização das Forças Armadas e sua participação em desacreditar o processo eleitoral de 2022 foram criticadas por Barroso, que as considerou vítimas de má liderança, induzidas a levantar suspeitas infundadas sobre o sistema eleitoral.

Barroso também contextualizou o episódio brasileiro como parte de uma tendência global de populismo autoritário, marcado pelo anti-institucionalismo e pelo desrespeito à pluralidade. Ele observou que, independentemente da ideologia política, o populismo atual tende a se manifestar com maior intensidade à direita, trazendo consigo racismo, xenofobia, misoginia e rejeição ao ambientalismo. A propagação de desinformação foi destacada como um meio de ataque adotado por esses grupos extremistas.

Finalizando, o ministro defendeu a essência plural da democracia, sublinhando a importância da coexistência pacífica entre diferentes correntes de pensamento, excluindo apenas aqueles que não respeitam as regras democráticas ou que se mostram intolerantes às diferenças.

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