Eduardo Bolsonaro debocha de tortura sofrida por Miriam Leitão durante a ditadura
Jornalista foi trancada em uma sala escura com uma jiboia. Na época, ela tinha 19 anos e estava grávida
Por Plox
04/04/2022 14h54 - Atualizado há cerca de 3 anos
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL) usou sua conta no Twitter, nesse domingo (3), para debochar da tortura sofrida pela jornalista Miriam Leitão durante a ditadura militar. Ela estava grávida quando foi trancada, por militares, em um quarto com uma jiboia. “Pena da cobra", publicou o parlamentar.
A jornalista escreveu um texto dizendo que o presidente Jair Bolsonaro (PL) é "inimigo da democracia". “Qual o erro da terceira via? É tratar Lula e Bolsonaro como iguais. Bolsonaro é inimigo confesso da democracia”, publicou ela.
Eduardo Bolsonaro respondeu o post com deboche: "Ainda com pena da cobra", utilizando um emoji do animal.
Miriam foi presa em 1972 quando tinha 19 anos e estava grávida. Ela foi trancada em uma sala escura do batalhão do exército, em Vitória-ES. Ela chegou a perder 11 quilos.
"Fiquei presa ali, no 38º Batalhão. Os torturadores vieram de fora e, depois, sumiram. Eles trouxeram a cobra. Eu lembro que chamavam o pior dos torturadores, o dono da cobra, de doutor Pablo", disse a jornalista, em 2014, ao "Observatório da Imprensa".
Na semana passada, o golpe militar completou 58 anos e o presidente exaltou o período e ignorou as mortes, torturas e prisões ocorridas no regime militar. "Quem esteve no governo naquela época fez a sua parte. O que seria do Brasil sem as obras do governo militar? Não seria nada, seria uma republiqueta", falou.
A atitude de Eduardo repercutiu negativamente nas redes sociais e rendeu várias críticas a ele. Já Miriam, recebeu apoio de políticos e colegas.
"Esse infeliz debocha da dor de uma mulher que sofreu na ditadura, regime instalado por gente da laia do seu pai. O Brasil não merece essa família ordinária", escreveu o deputado federal Paulo Pimenta (PT).
"Miriam Leitão foi torturada grávida pela ditadura que essa família apoia. O deputado federal por São Paulo faz um comentário nojento e indigno desse. A infâmia está tão normalizada que faz o que faz e não sofre nenhuma punição do conselho de ética. Pessoa baixa", repudiou Vera Magalhães, apresentadora do "Roda Viva", da "TV Cultura.