Juiz que usava nome falso há 40 anos recebe aposentadoria milionária em SP

José Eduardo Franco dos Reis, que se apresentava como Edward Wickfield, já acumulou mais de R$ 3,4 milhões líquidos desde que se aposentou do TJSP

Por Plox

04/04/2025 18h26 - Atualizado há cerca de 2 meses

Durante mais de quatro décadas, um juiz paulista viveu sob uma identidade forjada, apresentando-se como Edward Albert Lancelot Dodd Canterbury Caterham Wickfield. Na realidade, tratava-se de José Eduardo Franco dos Reis, que ingressou na magistratura em 1995 utilizando documentos falsos e construiu toda sua carreira com base nesse nome fictício.


Imagem Foto: Antonio Carreta/TJSP


Desde sua aposentadoria no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) em 2018, José Eduardo já embolsou mais de R$ 3,4 milhões líquidos em vencimentos, conforme dados do Portal da Transparência. Em fevereiro deste ano, ele recebeu R$ 143 mil líquidos. No entanto, seu rendimento mais alto foi registrado em dezembro de 2024, com a soma líquida de R$ 187 mil.



Esses valores ultrapassam em mais de três vezes o teto constitucional, atualmente fixado em R$ 46,3 mil. Grande parte desses altos pagamentos vem de rubricas como “vantagens eventuais” e “gratificações”, que não são consideradas no cálculo do teto salarial do funcionalismo público.



A farsa só veio à tona em outubro de 2024, quando José Eduardo procurou um posto do Poupatempo para solicitar uma nova via da carteira de identidade no nome falso. Durante a coleta de biometria, foi constatado que as impressões digitais batiam com as de um homem registrado como José Eduardo Franco dos Reis. A partir disso, a Delegacia de Combate a Crimes de Fraude Documental e Biometria iniciou uma investigação que confirmou o uso simultâneo de duas identidades pelo juiz.


O Ministério Público de São Paulo (MPSP) apresentou denúncia contra José Eduardo pelos crimes de falsidade ideológica e uso de documento falso. Além disso, pediu à Justiça medidas restritivas como a proibição de deixar a cidade de São Paulo, a entrega do passaporte em até 24 horas e o bloqueio de documentos registrados no nome falso. As ações seriam alternativas à prisão preventiva do acusado.


A trajetória de José Eduardo sob o nome de Edward Wickfield teve início em 1980, quando o personagem foi inventado. Foi com essa identidade que o juiz prestou concurso público e construiu uma carreira inteira, até ser desmascarado décadas depois.


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