Aumento de casos de câncer de intestino pode estar associado à alimentação pobre em fibras e proteínas

Doença, que deve registrar 44 mil novos casos em 2023, tem crescido na população com menos de 50 anos

Por Plox

04/05/2023 09h55 - Atualizado há mais de 1 ano

Os casos de câncer de intestino, também conhecido como colorretal, têm crescido exponencialmente no Brasil e no mundo nos últimos anos. De acordo com estimativas do Instituto Nacional do Câncer (Inca), o país deve registrar 44 mil novos casos da doença ao ano no triênio 2023 e 2025.

A doença é a quarta de maior incidência no mundo, ficando atrás apenas do câncer de pele, mama e próstata. Considerado uma enfermidade de pessoas idosas, o câncer de intestino, no entanto, tem surpreendido a sociedade médico-científica por estar cada vez mais presente em indivíduos abaixo dos 50 anos. Segundo especialistas, essa confirmação pode estar associada diretamente ao estilo de vida.

Foto: reprodução Pixabay

 

“Há alguns anos os casos de câncer colorretal têm crescido muito devido aos hábitos comportamentais da população, que respondem por cerca de 90% das ocorrências. É sabido que sedentarismo, tabagismo, obesidade e dietas pobres e hipercalóricas estão entre os principais fatores de risco para o tumor. A rotina diária estressante tem levado muitos a não terem bons hábitos de vida. Por isso, temos visto cada vez mais pessoas com menos de 50 anos com diagnóstico de tumor de intestino”, ressalta Dr. Alberonne Aparecido Ramos Alecrim, oncologista da Fundação São Francisco Xavier.

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Assim como os demais cânceres, ele pode ser prevenido com dieta balanceada e atividade física regular. 

O especialista explica que os sintomas de câncer de intestino são pouco específicos e podem estar relacionados a outras doenças. Entre eles, os mais comuns são: mudanças no hábito intestinal (diarreia ou prisão de ventre), sangue nas fezes, dor ou desconforto abdominal como gases ou cólicas, perda de peso sem razão aparente e cansaço. O câncer de intestino tem tratamento, quando diagnosticado precocemente, e tem cura com intervenção cirúrgica e quimioterapia, quando indicada. A colonoscopia é o exame indicado para diagnóstico desse tipo de câncer e auxilia no diagnóstico e tratamento de lesões como pólipos intestinais com potencial de malignização.

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Alimentos ultraprocessados

Os fatores de risco para o câncer de intestino são, em sua maior parte, associados ao estilo de vida, sobretudo, a má alimentação. Neste cenário, os alimentos ultraprocessados surgem como os grandes vilões.

O consumo de alimentos ultraprocessados aumentou 5,5% na última década no país, de acordo com um estudo sobre o perfil de consumidores produzido pelo Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde (Nupens/USP) e divulgado pela Revista de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP).

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Mas o que são alimentos processados? A nutricionista da Usisaúde, Thayanara Martins Couto, explica que são aqueles alimentos que passaram por maior processamento industrial. No geral, possuem alta adição de açúcares, gorduras, sódio, substâncias sintetizadas, principalmente conservantes, corantes e aromatizantes. Eles têm como objetivo maior durabilidade e praticidade dos alimentos.  Encabeçam a lista salsicha, presunto, macarrão e sopa instantânea, refrigerantes, batatas, sorvetes e guloseimas.

“Estes alimentos estão cada dia mais comuns na alimentação por serem considerados práticos e baratos. Mas são desbalanceados nutricionalmente e aumentam risco não só de câncer, mas também de hipertensão, diabetes, dislipidemia (doença caracterizada pela presença de níveis elevados de gorduras no sangue), entre outros”, pontua a nutricionista.

Mudança de hábitos

A má alimentação sempre foi uma constante no dia a dia da gerente de distribuição Maria Antonieta Martins Azevedo, de 51 anos, até ela receber em 2015, com então 44 anos, o diagnóstico de tumor de intestino. Sem histórico de câncer na família, ela só descobriu a doença após ter uma crise renal e parar no hospital. Depois de passar por exames de ultrassom, encontraram pedras nos rins e algo no intestino.

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No primeiro momento, o diagnóstico foi de síndrome do intestino irritado. Com sintomas de intestino preso e também muita diarreia, além de perder peso, ela passou por uma colonoscopia e descobriram vários pólipos. Depois de retirar 29 cm do intestino grosso em uma primeira cirurgia, ela ainda precisou passar por mais três devido a complicações.

Foram momentos de angústia, mas também de superação. “Eu tive um período em que fiquei depressiva, mas depois dei a volta por cima. Fiz tudo o que o médico me solicitou. Antes vivia de macarrão instantâneo, salsichas e embutidos. Os médicos associaram a doença à minha alimentação. Hoje mudei completamente. Tenho hábitos mais saudáveis, incorporei verduras, legumes e grãos à minha dieta. Procuro ingerir alimentos orgânicos. Bebo muito água e faço exercícios regularmente. Essa mudança de estilo de vida tem melhorado tudo na minha vida e estou bem melhor”, pontua. Maria Antonieta está sem o tumor e faz acompanhamento anual com médicos.

A protética Vânia Aparecida, de 52 anos, descobriu um tumor de intestino com 47 anos. Sem praticar exercícios físicos, Vânia também não tinha uma boa alimentação e era adepta de alimentos ultraprocessados. O diagnóstico veio depois de Vânia perceber sangue nas fezes. “Tinha sangue intenso e fiquei preocupada. Fiz a colonoscopia e também o exame laboratorial de sangue oculto nas fezes e foi detectado o tumor”, conta.

Após passar por uma cirurgia, ela fez 12 sessões de quimioterapia no Hospital Márcio Cunha, em Ipatinga. “Nunca pensei que isso pudesse acontecer comigo. Ninguém da minha família tinha essa doença. Mas tudo deu certo. Hoje faço acompanhamento semestral e mudei a rotina. Hoje como melhor, faço caminhadas três vezes na semana e também aulas de dança do ventre. Estava acima do meu peso, já emagreci 5kg e estou seguindo uma dieta para poder emagrecer ainda mais”, ressalta.

Alimentação saudável

A nutricionista ressalta que uma alimentação saudável e bem equilibrada é a que fornece os macronutrientes, vitaminas e minerais nas proporções adequadas para o bom funcionamento do organismo. É importante além da variedade e do equilíbrio, também controlar a quantidade e a qualidade dos alimentos consumidos. 

“Para ter uma dieta rica em nutrientes é preciso consumir diariamente frutas, verduras e legumes, preferir os alimentos 100% integrais, realizar boa ingestão de água e evitar o consumo dos alimentos ricos em sal, açúcar e gordura. É importante também fracionar bem as refeições durante o dia e comer devagar, mastigar bem os alimentos”, pontua.

A quantidade dos alimentos para cada pessoa pode variar muito de acordo com a necessidade de cada um. Em média, um indivíduo adulto deve consumir de três a cinco porções de vegetais ao dia. Podendo ser divididas, por exemplo, em três porções de frutas diversas e duas porções de saladas também variadas.


 

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