IA desenvolvida na Dinamarca prevê risco de morte com 78% de precisão

Sistema criado por cientistas dinamarqueses e americanos analisa dados pessoais para estimar expectativa de vida

Por Plox

04/05/2025 22h14 - Atualizado há cerca de 9 horas

Pesquisadores da Dinamarca e dos Estados Unidos desenvolveram uma tecnologia de inteligência artificial capaz de prever, com impressionantes 78% de precisão, se uma pessoa estará viva ou morta dentro de um período específico. Batizado de life2vec, o sistema representa um avanço significativo na forma como os dados pessoais podem ser utilizados para estimativas de longevidade.


Imagem Foto: Pixabay


O projeto, liderado pelo professor Sune Lehmann Jørgensen, da Universidade Técnica da Dinamarca, foi publicado na revista científica Nature Computational Science. A pesquisa foi baseada em uma amostra de mais de seis milhões de indivíduos, com dados colhidos entre 2008 e 2015. Esses dados incluíam informações como saúde, nível educacional, profissão, localização e renda. Para testar a eficácia do algoritmo, os cientistas usaram registros de pessoas entre 35 e 65 anos e analisaram se elas ainda estavam vivas quatro anos após 2016. Em 2021, 100 mil indivíduos foram sorteados — metade já havia morrido, metade ainda vivia — e a IA acertou o prognóstico em 78% dos casos.



Para realizar as previsões, cada elemento da vida dos indivíduos foi transformado em um tipo de “palavra” que o algoritmo pudesse entender. Por exemplo, um braço quebrado recebeu o código S52, enquanto alguém que trabalhava em uma tabacaria era identificado como IND4726. A complexidade dos questionários alimentou o sistema com uma enorme diversidade de combinações, ajudando a IA a traçar padrões entre comportamentos e resultados de vida.



Além disso, o estudo indicou que hábitos como prática regular de exercícios contribuem positivamente para a expectativa de vida, enquanto fatores como tabagismo ou baixos rendimentos podem encurtá-la. Pessoas com cargos de liderança ou rendas mais altas, por outro lado, tendem a viver mais.



“Nosso objetivo é de que os dados sejam utilizados para prever resultados de saúde pública, como detecção precoce de insuficiência cardíaca, efeitos colaterais de medicamentos prescritos e mortalidade hospitalar”, destacou a equipe responsável pelo projeto.

A proposta, segundo os autores, é que o modelo seja uma ferramenta para formular políticas públicas eficazes em saúde e demografia.

Apesar do impacto causado pela novidade, os criadores ressaltaram que a tecnologia ainda está em fase de desenvolvimento e não está disponível ao público. Eles também alertaram que, por ter sido treinado exclusivamente com dados dinamarqueses, o algoritmo pode não apresentar a mesma eficácia ao ser aplicado em populações de outros países.


Até o momento, não há nenhum site oficial de acesso à ferramenta. Mesmo assim, diversas calculadoras online têm usado o nome life2vec para atrair usuários, ainda que não tenham qualquer relação com a pesquisa científica original.


O uso de IA para prever mortes levanta questionamentos éticos e preocupações sobre como esses dados podem ser utilizados por empresas de saúde ou seguros, especialmente se o acesso à ferramenta for disponibilizado sem os devidos cuidados com a privacidade e segurança das informações.



A equipe responsável pelo projeto informou que ainda está estudando formas de compartilhar o modelo com outras comunidades científicas, mas garantiu que, por enquanto, a prioridade é garantir a proteção dos dados dos participantes e aprofundar a pesquisa antes de qualquer liberação pública.


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