Aroma do café pode ajudar na redução do vício em tabaco, aponta estudo

Estudo preliminar com fumantes sugere potencial terapêutico do aroma de café para diminuir desejo de fumar

Por Plox

04/06/2024 14h59 - Atualizado há 5 meses

Pesquisadores brasileiros descobriram que o aroma do café pode ser uma ferramenta promissora para reduzir o vício em tabaco. Em um estudo com 60 fumantes, a metade que inalou a fragrância de café apresentou uma menor taxa de retorno ao cigarro em comparação àqueles que inalaram uma fragrância neutra.


Foto:  Marcello Casal JrAgência Brasil

Ativação do sistema de recompensas

O Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino (IDOR) já havia revelado em 2014 que o aroma do café ativa o núcleo acumbens, uma região do cérebro ligada ao sistema de recompensas e também estimulada por substâncias psicoativas como a cocaína. Segundo Silvia Oigman, diretora científica da startup Café Consciência, parceira do IDOR, “esse sistema de recompensas é ativado com atividades prazerosas como, por exemplo, escutar música, ter relações sexuais, tudo que dá prazer, beber água inclusive, mas também é um sistema que pode ser mal utilizado por meio de substâncias psicoativas”.

Ensaios clínicos

Em 2016, um pequeno ensaio clínico com 16 fumantes mostrou que o aroma do café poderia substituir a vontade de fumar. Este resultado levou a um estudo mais amplo em 2022, onde 60 fumantes foram divididos em dois grupos: um inalou a fragrância do café e o outro, uma fragrância neutra de sabão. Dos que sentiram o aroma do café, 50% voltaram a fumar, enquanto 73,3% dos que inalaram a fragrância de sabão retomaram o hábito. Silvia destacou que, embora os números não fossem estatisticamente significativos, o estudo piloto indicou um potencial promissor para a abordagem.

Desafios e próximos passos

Silvia explicou que o estudo de seis meses identificou questões importantes, como a perda de voláteis das fragrâncias, que afetaram os resultados. A pesquisa, financiada com R$ 373 mil pela Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), visa agora desenvolver uma formulação terapêutica à base de voláteis de café e um dispositivo eletrônico para inalação, com a expectativa de realizar um novo ensaio clínico mais abrangente antes de 2026.

Inovação e patentes

A abordagem inovadora do grupo brasileiro, que desconhece outros estudos similares, já resultou no depósito e concessão de nove patentes nos Estados Unidos, Europa e Ásia, além de três patentes em andamento no Brasil, Austrália e Canadá. Silvia acredita no potencial terapêutico do aroma do café para ajudar a combater o tabagismo, um vício que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), causa mais de 8 milhões de mortes anuais, sendo mais de 7 milhões devido ao uso direto do tabaco.

 

 


 

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