Médico acusado pela morte do menino Noah é absolvido em julgamento de 14 horas

Luciano Barboza Sampaio foi absolvido pela segunda vez; Promotoria avalia se vai recorrer

Por Plox

04/06/2024 09h59 - Atualizado há 5 meses

Após um julgamento que durou 14 horas, o médico Luciano Barboza Sampaio foi novamente inocentado da acusação de homicídio qualificado pela morte do menino Noah Palermo. O veredito foi dado pelo Tribunal do Júri de São Carlos, no Fórum Criminal da cidade, por volta das 23h50 desta segunda-feira (3).

Histórico do caso

Noah Palermo faleceu em 2014 devido a complicações após uma cirurgia de apendicite realizada por Luciano. Na ocasião, o médico estava de plantão remoto, mas viajou para assistir a um jogo da seleção brasileira, o que, segundo a acusação, configurou negligência e a responsabilidade pela morte do menino. Esta é a segunda vez que Sampaio é absolvido.

O julgamento

O julgamento iniciou às 9h e contou com a presença de quatro testemunhas de defesa, quatro de acusação e um perito. A decisão do júri foi apertada: quatro votos pela absolvição e três pela condenação. Esse foi o primeiro julgamento de um médico por júri popular em São Carlos, o que tornou o caso especialmente significativo.

"A corda sempre estoura pro lado mais fraco, [agora] a culpa é da enfermagem que não avisou," disse Marcos Palermo, pai de Noah. A mãe, Vanessa Palermo, também expressou sua indignação, afirmando emocionada que a decisão foi "um absurdo."

 

Reações e declarações

O promotor de acusação, Mário José Correa de Paula, disse que está avaliando a possibilidade de recorrer da decisão. "Era um caso bem difícil de levar um médico a julgamento pelo júri popular. Infelizmente a nossa tese não prevaleceu," afirmou o promotor.

Do lado da defesa, o advogado Eduardo Burihan comemorou a decisão, destacando que todas as provas apontavam para a inocência de Luciano. "Nesses casos de processo penal onde existe o clamor público, precisamos tomar cuidado para que questões emocionais não interfiram no trabalho da prova e do plenário," declarou Burihan.

Depoimentos emocionados

Durante o julgamento, os pais de Noah fizeram depoimentos emocionados. Vanessa Palermo relatou que, após o enterro do filho, encontrou fotos do médico no estádio vestindo a camisa da seleção. "Meu filho entrou andando, sorrindo e saiu morto. Você acabou com a minha vida," disse Vanessa ao médico.

Marcos Palermo também expressou sua revolta: "Trocou meu filho por um jogo de futebol." As fotos encontradas foram anexadas ao processo como prova da ausência do médico no momento crítico.

Defesa de Luciano Sampaio

Em seu depoimento, Luciano Barboza Sampaio argumentou que a viagem para assistir ao jogo não teve impacto decisivo no caso e que ele teria tomado as mesmas decisões mesmo se estivesse na cidade. "Fui para o jogo sim. Mas se tivesse algo diferente, que apontasse gravidade, não teria ido. A viagem foi um fator menos preponderante nesse caso," afirmou o médico.

O advogado de defesa também ressaltou que o Conselho de Medicina não estabelece uma distância específica para plantões remotos e que o hospital não disponibilizou um plantonista de plantão naquele dia.

Condenações anteriores

Além deste caso, Luciano Sampaio tem um histórico de condenações. Em 2008, ele foi condenado por homicídio culposo após atestar erroneamente a morte de uma paciente em Nova Iguaçu (RJ). Mais recentemente, em 2018, foi absolvido das acusações relacionadas à morte de Noah, decisão que foi posteriormente contestada pelo Ministério Público.

A promotoria ainda não decidiu se vai recorrer da decisão mais recente. Enquanto isso, os pais de Noah continuam a lamentar a perda de seu filho e buscar justiça.

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