Zambelli cruza fronteira e deixa Brasil após condenação no STF

A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), após ter sido sentenciada a uma pena de dez anos de prisão pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), deixou o território brasileiro em circunstâncias que levantam suspeitas.

Segundo investigações conduzidas pela Polícia Federal, a parlamentar teria atravessado a fronteira do Brasil com a Argentina de forma terrestre, passando por Foz do Iguaçu, no Paraná, com destino à cidade argentina de Puerto Iguazú. De lá, ela seguiu até Buenos Aires, onde embarcou em um voo com destino aos Estados Unidos.

O movimento gerou alerta imediato entre as autoridades. Em entrevista à CNN nesta terça-feira (3), Zambelli confirmou sua intenção de se deslocar em breve para a Itália. Ela argumentou que, por possuir cidadania italiana, estaria fora do alcance da Justiça brasileira naquele país.

\"Como cidadã italiana, eu sou intocável na Itália. Não há o que ele [Alexandre de Moraes] possa fazer para me extraditar de um país em que sou cidadã. Estou muito tranquila quanto a isso\", afirmou.

A condenação imposta à deputada diz respeito à invasão dos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), um episódio que teve ampla repercussão em 2023. Na época, seu passaporte chegou a ser apreendido por ordem do ministro Alexandre de Moraes, mas acabou sendo devolvido posteriormente, o que permitiu sua atual movimentação internacional.

Além da pena de prisão, a condenação pode acarretar a cassação do mandato de Zambelli e a sua inelegibilidade pelos próximos oito anos. A deputada, inclusive, chegou a solicitar doações via redes sociais, pedindo transferências por Pix para cobrir custos judiciais.

Com a repercussão do caso e as declarações públicas da parlamentar, a Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentou pedido para que seja decretada a prisão preventiva de Zambelli e sua inclusão na lista de procurados da Interpol.

O caso ganhou contornos ainda mais complexos à medida que a deputada demonstrou não ter a intenção de retornar ao Brasil. Com isso, aumenta a pressão sobre os mecanismos diplomáticos e jurídicos para que sua extradição, mesmo sendo cidadã italiana, possa ser discutida nas instâncias internacionais.