Zambelli desafia STF e diz ser 'intocável' na Itália

Deputada condenada afirma que pretende concluir mandato e critica decisão do Supremo

Por Plox

04/06/2025 10h50 - Atualizado há cerca de 2 meses

A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) voltou a ganhar os holofotes ao declarar, em entrevista à CNN Brasil, que não teme uma prisão fora do país, mesmo após ter sido condenada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a dez anos e seis meses de reclusão. A parlamentar foi sentenciada por crimes relacionados à invasão dos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e pela inserção de dados falsos, ocorridos em 2023.


Imagem Foto: Câmara dos Deputados


Atualmente nos Estados Unidos, Zambelli revelou que pretende se mudar para a Itália, país do qual possui cidadania. Ao ser questionada sobre a possibilidade de extradição, afirmou:
“Eles vão tentar me prender na Itália, mas eu não temo, porque sou cidadã italiana e lá eu sou intocável.”

Para ela, o ministro Alexandre de Moraes não teria instrumentos legais para conseguir sua extradição. “Estou pagando para ver um dia desses”, disse, em tom desafiador.


Apesar do discurso inflamado, a Procuradoria-Geral da República (PGR) solicitou ao STF a prisão preventiva da deputada. O pedido, feito sob sigilo, baseia-se no risco de fuga e na ausência de comunicação oficial sobre sua saída do território brasileiro. A viagem internacional, que teria começado em Miami sob pretexto de tratamento médico, foi anunciada pela própria deputada em uma live.


Pouco depois, surgiram informações de que Zambelli havia arrecadado cerca de R$ 285 mil por meio de uma vaquinha online, supostamente para custear sua defesa jurídica. Os recursos foram levantados entre março e maio de 2024, período em que ela já preparava sua partida do Brasil.



A deputada, no entanto, refuta a ideia de que esteja foragida. Segundo sua versão, sua ausência temporária tem caráter médico e ela deseja retornar para terminar seu mandato, que vai até janeiro de 2027. “Quero voltar, mas preciso ter a oportunidade de me defender legitimamente”, declarou.


A trajetória de Zambelli tem sido marcada por atritos constantes com o STF, em especial com Moraes, relator de vários inquéritos envolvendo parlamentares aliados ao ex-presidente Jair Bolsonaro. A condenação no caso do CNJ envolve a contratação de um hacker por pessoas próximas à deputada, com o objetivo de fraudar registros e forjar decisões judiciais dentro do sistema.



Essa não é a primeira controvérsia em que Zambelli se envolve. Durante o segundo turno das eleições de 2022, ela foi filmada portando uma arma e perseguindo um homem negro nas ruas dos Jardins, bairro nobre de São Paulo — episódio que ainda está sob investigação judicial.


Com a nova condenação e a possibilidade concreta de prisão, Carla Zambelli se torna a primeira parlamentar da base bolsonarista em exercício a deixar o Brasil após ser sentenciada. Enquanto isso, a Justiça brasileira pretende intensificar medidas diplomáticas para efetivar sua punição.



Apesar de sua cidadania italiana, tratados internacionais e acordos de cooperação penal podem ser acionados, o que deixa em aberto o futuro judicial da deputada no cenário internacional.


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