Estudo aponta que até pequenas quantidades de alimentos processados aumentam risco de doenças crônicas
Pesquisadores não identificaram nível seguro para o consumo diário de carnes processadas, bebidas açucaradas e gorduras trans artificiais
Por Plox
04/07/2025 16h12 - Atualizado há 1 dia
Um estudo recente da Universidade de Washington concluiu que até mesmo o consumo reduzido de alimentos ultraprocessados pode aumentar significativamente o risco de doenças crônicas. A pesquisa, publicada na revista Nature Medicine, reuniu dados de 77 estudos anteriores, revelando um padrão preocupante para a saúde pública.

De acordo com o cientista Demewoz Haile, autor principal e membro do Instituto de Métricas e Avaliação de Saúde da universidade, a ingestão rotineira de pequenas porções de carne processada, refrigerantes adoçados e gorduras trans artificiais está associada ao aumento de casos de diabetes tipo 2, câncer colorretal e doenças cardíacas isquêmicas.
A análise apontou que o consumo diário entre 0,6 e 57 gramas de carne processada pode elevar em 11% o risco de diabetes tipo 2. Quando a ingestão é de 0,78 a 55 gramas por dia, o risco de câncer colorretal aumenta em 7%. Esses produtos são definidos no estudo como carnes preservadas por defumação, cura, salga ou com aditivos químicos.
Os refrigerantes e outras bebidas com açúcar também mostraram impacto relevante. A ingestão diária entre 1,5 e 390 gramas dessas bebidas foi relacionada a um aumento de 8% no risco de diabetes tipo 2. Já o consumo de até 365 gramas por dia aumentou em 2% a probabilidade de desenvolver doença cardíaca isquêmica, o tipo mais comum de enfermidade cardíaca.
Quando os ácidos graxos trans corresponderam entre 0,25% e 2,56% da ingestão energética diária, os cientistas observaram um acréscimo de 3% no risco de doenças cardíacas.
A pesquisa destacou que esses riscos estão presentes mesmo em níveis muito baixos de consumo. “Os efeitos mais significativos foram encontrados com exposições menores, equivalentes a uma porção ou menos por dia”, esclareceu Haile, enfatizando que a frequência no consumo é o principal fator de risco.
Apesar de reconhecerem que a alimentação é uma decisão individual, os autores recomendam evitar ou minimizar o consumo desses itens, em consonância com orientações da OMS e do CDC.
Em contrapartida, o Dr. Nick Norwitz, pesquisador formado por Harvard que não participou do estudo, afirmou que os dados apresentam limitações metodológicas. Segundo ele, há consistência na associação entre alimentos processados e problemas de saúde, mas as evidências ainda são consideradas fracas. Norwitz também alertou para a generalização feita ao agrupar diversos tipos de carnes processadas em uma mesma categoria.
Ele concluiu que, embora os alimentos ultraprocessados possam, sim, ser prejudiciais, é necessário aprofundar os estudos. “No fim das contas, aquele donut do escritório ou um refrigerante gelado provavelmente causam mais dano metabólico que uma fatia de peito de peru”, comparou.