Hospital de Minas participa de estudo nacional para detectar tuberculose em crianças
Instituição mineira é referência na análise de 1.288 amostras em projeto que usa tecnologia avançada para diagnosticar a doença
Por Plox
04/07/2025 15h48 - Atualizado há 4 dias
Em uma ação pioneira, o Hospital Infantil João Paulo II (HIJPII), da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig), está entre os primeiros do país a integrar um estudo nacional que visa diagnosticar a tuberculose em crianças com mais precisão. A unidade, única de Minas Gerais no projeto, já contribuiu com 150 amostras de pacientes hospitalizados para o Estudo Epidemiológico sobre a Prevalência Nacional de Agentes Respiratórios em Crianças (TBPed), que envolve 1.288 participantes em todo o Brasil.

As amostras enviadas pelo HIJPII representam 11,6% do total nacional. A pneumologista Chalene Guimarães Soares Mezêncio, que coordena o Serviço de Alergia e Pneumologia Pediátrica da instituição, explica que a tuberculose é de difícil detecção em crianças, pois seus sintomas muitas vezes se confundem com infecções respiratórias recorrentes. Isso torna essencial a suspeita clínica, especialmente em casos de adoecimentos frequentes.

Para o estudo, os médicos abordaram familiares de pacientes internados com infecções respiratórias que não apresentavam diagnóstico ou suspeita de tuberculose, solicitando a coleta de amostras para exames específicos ainda fora da prática clínica rotineira. A pesquisa, que começou em 2021 e reúne centros de nove estados, como Rio Grande do Sul, Bahia, Paraná, São Paulo e Amazonas, será concluída com a divulgação dos dados prevista para o próximo ano.
Além da coleta, o HIJPII recebeu o sistema GeneXpert, um equipamento que realiza o teste rápido molecular (TRM) para detectar o bacilo de Koch em até duas horas. O exame também aponta a resistência do microrganismo a um dos principais antibióticos usados no tratamento. A adoção dessa tecnologia representa um marco para a saúde infantil em Minas Gerais, especialmente diante da maior propensão de crianças à evolução para formas graves da doença.
Segundo o Ministério da Saúde, Minas Gerais notificou 4.503 novos casos de tuberculose em 2023 e 322 mortes em 2022. Nacionalmente, foram cerca de 80 mil casos e 2.720 mortes em 2022. A infecção, causada pela Mycobacterium tuberculosis, é transmitida pelo ar e tem tratamento gratuito via SUS, com duração mínima de seis meses. Interromper o tratamento pode levar à forma resistente da doença, exigindo até dois anos de cuidados.
A melhor forma de prevenção em crianças é a vacina BCG, aplicada nos primeiros meses de vida. A tuberculose tem maior incidência em grupos vulneráveis, como pessoas em situação de rua, com HIV, desnutridas, com histórico de tabagismo, alcoolismo ou uso de drogas. Crianças de 0 a 5 anos e idosos também são mais suscetíveis devido à imunidade frágil.