Denúncias de assédio na Polícia Civil de MG ecoam no governo federal
A morte da escrivã Rafaela Drumond, aos 32 anos, foi um fator catalisador que trouxe maior visibilidade ao problema
Por Plox
04/08/2023 06h30 - Atualizado há quase 2 anos
Na tarde do dia 3 de agosto, Marivaldo Pereira, secretário do Ministério da Justiça, recebeu informações detalhadas sobre as denúncias de assédio que vêm assolando a Polícia Civil de Minas Gerais. Este encontro de alto nível com o governo federal aconteceu em resposta às crescentes preocupações relacionadas a alegações de assédio moral e sexual na instituição.

A morte da escrivã Rafaela Drumond, aos 32 anos, foi um fator catalisador que trouxe maior visibilidade ao problema. Raquel Fernandes, advogada com especialização em direito das famílias e das mulheres, ressaltou que, a partir deste trágico evento, muitas outras denúncias começaram a surgir. Ela destacou: “Muitas denúncias começaram a chegar após o óbito da Rafaela. São casos de assédio moral e sexual dentro da Polícia Civil de Minas Gerais praticados tanto contra mulheres, quanto homens.”
Na mesma reunião, realizada de forma virtual, Tatiane Albergaria, ex-perita criminal, compartilhou sua própria experiência de assédio, expressando sua emoção ao mencionar: “Na Polícia Civil, o assédio é institucionalizado. Acabei sendo aposentada em decorrência de doenças que tive por causa de tudo que passei”.
Vítimas e especialistas buscam apoio federal frente à inércia estadual
Diante da falta de ação no nível estadual, Fernandes mencionou que se fez necessário buscar ajuda no âmbito federal. Ela afirmou: “Tivemos que procurar o âmbito federal pois não estamos tendo apoio do governo do Estado.”
Marivaldo Pereira enfatizou a necessidade de outras pessoas que enfrentaram situações similares de se manifestarem e apresentarem suas denúncias. Ele declarou: “O caso da Rafaela repercutiu no país inteiro. O caminho para mudar [o quadro] é fazer com que tenha repercussão. Parabenizo pela resistência e luta. Vamos mudar este cenário”. Para avançar com as investigações, o Ministério Público do Trabalho será consultado sobre a possibilidade de se envolver no caso.
Após a reunião, Raquel Fernandes expressou otimismo sobre os avanços e o apoio recebido, incentivando aqueles que sofrem assédio a se manifestarem. “Estamos recebendo o respaldo de pessoas sérias”, afirmou. Na mesma linha, Tatiane Albergaria reforçou a mensagem para que outras vítimas se unam na luta contra o assédio e não desistam, mesmo diante da persistente inação de algumas autoridades.