China libera 183 exportadores de café brasileiro em meio a tarifa de Trump
No mesmo dia em que os EUA impõem taxa de 50%, Pequim amplia acesso de empresas brasileiras ao seu mercado
Por Plox
04/08/2025 09h44 - Atualizado há 3 dias
Na mesma quarta-feira (30) em que o presidente americano Donald Trump determinou uma tarifa de 50% sobre o café importado do Brasil, a China tomou uma medida em direção oposta: autorizou a entrada de 183 novas empresas brasileiras no mercado chinês. O anúncio oficial foi feito neste sábado (2) pela Administração Aduaneira Geral da China, com a informação sendo compartilhada nas redes sociais da Embaixada chinesa no Brasil e republicada pelo ministro da Agricultura, Carlos Fávaro.

O aval chinês tem validade de cinco anos e é um movimento estratégico diante da tensão comercial crescente entre o Brasil e os Estados Unidos. O café brasileiro, que representa cerca de um terço das 25 milhões de sacas consumidas anualmente pelos americanos, agora busca novos horizontes na Ásia, especialmente com o aumento do consumo por lá.
Segundo dados do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), apenas 538 mil sacas foram exportadas para a China nos primeiros seis meses deste ano. Mas há sinais de expansão: a rede chinesa Luckin Coffee, que já superou a Starbucks em número de lojas na China, vem investindo pesadamente no produto brasileiro. Em junho do ano passado, a empresa firmou com a ApexBrasil um contrato para comprar 120 mil toneladas de café até 2029, valor que dobrou para 240 mil toneladas após renegociação em Brasília, em novembro.
Esse crescimento acompanha o aumento do consumo per capita na China, que passou de 16,7 xícaras por ano em 2023 para 22,22 em 2024. A expectativa é de que 2025 feche com cerca de 30 xícaras per capita — ainda distante da média global de 150, mas revelador do potencial de expansão do mercado chinês.
A liberação anunciada pela Administração Aduaneira Geral também incluiu outras mercadorias brasileiras: 30 empresas foram habilitadas a exportar gergelim e 46, farinhas de aves e suínos. Assim como no caso do café, essas autorizações passaram a valer a partir de quarta-feira.
Em resposta às medidas adotadas por Washington, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Guo Jiakun, afirmou ainda na segunda-feira anterior que o país asiático está “disposto a trabalhar com o Brasil, outros países da América Latina e do Brics para defender o sistema multilateral de comércio centrado na OMC e salvaguardar a justiça internacional”.
\"A China está disposta a trabalhar com o Brasil, outros países da América Latina e do Brics para defender o sistema multilateral de comércio centrado na OMC\", declarou Guo Jiakun
Com a nova configuração comercial e a abertura do mercado asiático, os exportadores brasileiros de café vislumbram uma oportunidade estratégica para reduzir a dependência do mercado americano e diversificar suas rotas de exportação.