Cidade mineira lidera ranking nacional de cachaçarias por habitante
Com apenas 3 mil moradores, Lamim se destaca pela maior densidade de cachaçarias legalizadas do Brasil e investe em turismo e produção artesanal
Por Plox
04/08/2025 13h07 - Atualizado há 1 dia
O pequeno município de Lamim, localizado na Zona da Mata mineira e com pouco mais de 3 mil habitantes, alcançou um reconhecimento inédito: tornou-se a cidade com maior número proporcional de cachaçarias legalizadas do Brasil. São 10 estabelecimentos registrados, de acordo com o Anuário da Cachaça 2025, publicado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), o que equivale a uma cachaçaria para cada 323 moradores.

Esse cenário é fruto de uma combinação de fatores favoráveis, segundo Flávio Santos, fiscal agropecuário e químico do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA). Ele destaca o clima ameno da região, a boa distribuição de chuvas, a forte tradição familiar na produção da bebida e o apoio de programas do Governo de Minas, como os desenvolvidos pela Emater-MG e pelo próprio IMA.
“O mineiro tem paixão e tradição na produção de cachaça. Com assistência técnica, pesquisa e incentivo à regularização, abrimos caminhos para que nossas cachaças ganhem cada vez mais espaço no país e no mundo”, afirmou o vice-governador Mateus Simões, celebrando o feito de Lamim.
Thales Fernandes, secretário de Agricultura do estado, também ressaltou a importância da cadeia produtiva da cachaça para a economia rural de Minas Gerais, lembrando que o setor é símbolo da cultura mineira e continuará sendo fortalecido com investimentos e apoio institucional.
O IMA tem papel fundamental nesse processo, sendo o responsável por garantir que as cachaçarias sigam critérios sanitários e de qualidade. “Os alambiqueiros de Lamim entenderam que o registro agrega valor ao produto, melhora sua qualidade e pode trazer melhores preços de venda”, explicou Flávio Santos.
Um dos casos que ilustram essa transformação é o dos irmãos Nivaldo e Lúcio Rezende, do distrito de Piranguinha, que regularizaram a Cachaça Laminense, fabricada por eles desde o ano 2000. Após contato com o IMA, decidiram reconstruir a fábrica com recursos de um empréstimo bancário, seguindo todas as normas exigidas. “Hoje trabalhamos com tranquilidade e orgulho”, relatou Nivaldo.
A dupla agora se prepara para participar do 2º Concurso de Cachaças de Alambique e Aguardentes da Emater-MG, destacando o suporte técnico da instituição em diversas fases da produção, desde a colheita até a administração do negócio. “Foram os técnicos da Emater que elaboraram o projeto apresentado ao banco para o empréstimo”, completou Lúcio.
Outro produtor que apostou na regularização e qualidade foi Silbert Mourthé, da Destilaria Arruda, situada na zona rural de Lamim. Em apenas três anos, ele estruturou uma produção de cachaça premium com apoio técnico, e agora busca expandir a marca para bares de Belo Horizonte e também para o mercado do Nordeste.
Para o secretário municipal de Lamim, Juninho Pedrosa, o reconhecimento nacional é apenas o início de uma nova etapa para o município. A prefeitura, junto aos produtores locais, estuda estratégias para fortalecer a identidade da cachaça regional, aumentar a visibilidade do produto e fomentar o turismo. “Queremos valorizar ainda mais nossos produtores, incentivar a capacitação e a legalização. Lamim está mostrando que tamanho não é documento”, finalizou.