Lula acusa EUA de interferência e propõe moeda fora do dólar

Durante encontro do PT, presidente critica tarifas impostas por Trump e defende soberania brasileira nas relações internacionais

Por Plox

04/08/2025 07h44 - Atualizado há 3 dias

Durante o encerramento do 17º Encontro Nacional do Partido dos Trabalhadores, realizado neste domingo (3) em Brasília (DF), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) declarou que os Estados Unidos já participaram da articulação que resultou no golpe de 1964 no Brasil. No mesmo discurso, ele defendeu a criação de uma moeda internacional alternativa ao dólar e criticou as recentes tarifas comerciais impostas pelo ex-presidente norte-americano Donald Trump.


Imagem Foto: Reprodução Site Oficial do PT


Lula ressaltou que o Brasil, atualmente, desfruta de uma posição econômica mais sólida e menos dependente dos EUA do que em períodos anteriores. “O Brasil hoje não é tão dependente como já foi dos Estados Unidos. O Brasil tem uma relação comercial muito ampla com o mundo inteiro. Estamos muito mais tranquilos do ponto de vista econômico”, afirmou. Apesar disso, o presidente reconheceu a importância histórica da relação bilateral de mais de dois séculos entre os dois países.



\"Não vou esquecer que eles também já deram um golpe aqui — ajudaram a dar o golpe de 1964. Mas o que me interessa é daqui para frente\"

, pontuou o presidente. Lula defendeu uma postura firme nas negociações comerciais com os EUA, deixando claro que o Brasil tem “tamanho, postura, interesses econômicos e políticos”. Segundo ele, o país precisa parar de se submeter ao dólar e reforçou a necessidade de uma moeda própria para as transações internacionais, lembrando que uma iniciativa semelhante já havia sido feita com a Argentina em 2004.


Ao abordar o recente decreto de Trump que impõe uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, Lula não poupou críticas. Ele classificou a medida como um ataque ao sistema multilateral de comércio e alertou para os riscos de um retorno às negociações bilaterais. “Ele quer voltar à negociação bilateral, país com país. Ou seja, um país pequeno negociando com os Estados Unidos é como um trabalhador de uma fábrica com 80 mil empregados tentar negociar sozinho com o patrão. O acordo é leonino, não ganha nada”, argumentou.



O presidente ainda destacou que, ao contrário dos EUA, o Brasil respeita os limites da Organização Mundial do Comércio (OMC). “De vez em quando, me reúno com o Alckmin e com o Haddad para discutir aumento de tarifas sobre produtos importados. Mas aumentamos, no máximo, dentro do limite que a OMC permite — 35%”, explicou. Para Lula, a tarifa de Trump extrapola esses parâmetros e representa um movimento autoritário com impactos negativos sobre países em desenvolvimento.



O decreto assinado por Trump na quarta-feira (30) justifica a medida com base em uma suposta “emergência nacional”. Ele alega que o governo brasileiro adota políticas “extraordinárias” que afetam negativamente a economia dos EUA, o ambiente empresarial e os direitos de liberdade de expressão. O documento também faz menção direta ao ex-presidente Jair Bolsonaro, alegando que ele estaria sendo alvo de perseguição política no Brasil.


Ao final de sua fala, Lula reforçou que o Brasil está pronto para dialogar. “Estamos trabalhando, vamos apoiar nossas empresas, defender nossos trabalhadores e dizer: ‘quando quiser negociar, as propostas estão na mesa’. Aliás, já foram apresentadas pelo Alckmin (vice-presidente) e pelo Mauro Vieira (ministro das Relações Exteriores)”, concluiu.


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