Zema critica plano de Lula para moeda do Brics e propõe saída do bloco

Governador de Minas e pré-candidato à Presidência volta a atacar aliança com países do Brics e chama proposta de Lula de 'ideia de jerico'

Por Plox

04/08/2025 16h19 - Atualizado há 2 dias

Durante uma manifestação política nesta segunda-feira (4), o governador de Minas Gerais, Romeu Zema, voltou a se posicionar contra o alinhamento do Brasil com o Brics, grupo que reúne países como China, Rússia, Índia, África do Sul e outros emergentes. Pré-candidato à Presidência da República, ele voltou a criticar a proposta do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de criação de uma moeda alternativa ao dólar para facilitar o comércio entre essas nações.


Imagem Foto: Presidência


De forma contundente, Zema classificou a proposta como uma 'ideia de jerico' e declarou que o Brasil deveria abandonar o bloco. Em sua publicação nas redes sociais, o governador questionou o motivo pelo qual Lula insiste nesse projeto, destacando que “ninguém é obrigado a usar moeda nenhuma”. Para ele, a preferência pelo dólar se dá porque é uma moeda forte e amplamente aceita no mercado internacional.



Além disso, Zema compartilhou um vídeo de um encontro nacional do Partido dos Trabalhadores em que Lula reafirma seu desejo de estabelecer uma moeda comum para negociações bilaterais. Na gravação, o presidente afirma:
“Eu não preciso ficar subordinado ao dólar”

.

A proposta de moeda única no Brics não é nova e já provocou reações fortes de figuras internacionais. O ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, chegou a comparar a substituição do dólar por outra moeda como “perder uma guerra mundial”. Nas últimas semanas, Zema tem ecoado esse tipo de posicionamento, reforçando sua oposição à permanência do Brasil no grupo.


Em suas críticas mais recentes, o governador responsabilizou o “alinhamento errático” do país com nações adversárias dos Estados Unidos pela tarifa de 50% aplicada por Washington sobre importações brasileiras. Para ele, esse é mais um indício de que a participação do Brasil no Brics não traz vantagens práticas.



Zema argumenta que o país não compartilha relações culturais ou geográficas com os demais membros do bloco e que a composição atual é marcada por regimes autoritários. Em artigo publicado na Folha de São Paulo, ele chegou a classificar o Brics como um “bloco recheado de ditaduras”.


Apesar das críticas de Zema e da pressão de figuras como Trump, analistas políticos não veem uma saída brasileira do Brics como algo viável. Leonardo Paz, cientista político da Fundação Getúlio Vargas e professor do Ibmec, afirmou ao Estado de Minas que ex-presidentes como Michel Temer e Jair Bolsonaro também tiveram a chance de se retirar do bloco, mas optaram por permanecer.


“Me chama atenção que o Brics talvez seja a única associação internacional que algumas dezenas de países aplicam para entrar, e tem alguém dizendo que a gente tem que sair porque o Trump quer? Só por esse fato não deveria fazer sentido”, disse Paz

.


O tema promete continuar no centro das discussões políticas à medida que se aproximam as eleições presidenciais, especialmente com a intensificação do embate entre defensores de uma política externa mais alinhada ao Ocidente e os que apostam em novas alianças econômicas globais.


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