Crescimento do setor de saúde impulsiona empregos formais no Brasil

A área da saúde registra alta de 1,5% e já emprega quase 5 milhões de pessoas, superando o ritmo da economia geral.

Por Plox

04/09/2024 08h17 - Atualizado há cerca de 2 meses

O setor de saúde no Brasil tem se destacado como um dos principais motores da geração de empregos formais no país, responsável atualmente por quase 5 milhões de postos de trabalho. Segundo dados do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS), o mercado registrou um crescimento de 1,5% no último trimestre, encerrado em junho de 2024, atingindo 4,997 milhões de empregos. Esse número é superior à média de crescimento da economia como um todo, que foi de 1,2% no mesmo período. A análise abrange tanto o setor público quanto o privado, incluindo empregos diretos e indiretos em hospitais, indústria farmacêutica, operadoras de planos de saúde e cargos públicos.

Foto: Pixabay/ Reprodução

Efeito pós-pandemia e envelhecimento populacional impulsionam o setor

De acordo com José Cechin, superintendente executivo do IESS, a manutenção da alta no setor de saúde é parcialmente explicada pelo "efeito pós-pandemia". Ele ressalta que, durante a crise de saúde, o setor foi intensamente demandado e, mesmo após o fim da pandemia, a preocupação com a saúde permanece elevada. "Sintomas que antes poderiam ser negligenciados, hoje já são motivos para marcar uma consulta e buscar tratamento, por exemplo", analisa Cechin.

Outro fator determinante para o aumento na criação de empregos é o envelhecimento acelerado da população. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) destaca que o número de idosos no país mais que dobrou entre os anos 2000 e 2023, saltando de 15,2 milhões para 33 milhões de pessoas com 60 anos ou mais. A projeção do IBGE aponta que até 2070 o Brasil poderá ter 75,3 milhões de pessoas idosas, o que deve gerar uma demanda crescente por serviços de saúde, especialmente voltados ao tratamento de doenças crônicas como hipertensão e artrite.

Obesidade e sobrepeso elevam a demanda por tratamentos

Outro fator relevante no cenário de aumento da demanda por serviços de saúde é o crescimento dos índices de obesidade e sobrepeso entre os brasileiros. Durante o Congresso Internacional sobre Obesidade 2024, foi revelado que atualmente 56% dos adultos brasileiros enfrentam algum nível de sobrepeso ou obesidade, sendo 34% com obesidade e 22% com sobrepeso. Estima-se que, dentro de 20 anos, 48% da população adulta brasileira será obesa.

A obesidade é um fator que contribui para o surgimento de diversas doenças, como problemas nas articulações, pressão alta e até câncer, o que acaba gerando uma maior procura por tratamentos médicos. "Muitas pessoas não enxergam a obesidade como uma doença em si e, em vez de tratar a causa, acabam buscando tratamento apenas para os problemas decorrentes dela, aumentando a demanda no setor de saúde", observa Cechin.

Impacto econômico e preocupações com a saúde da população

Embora o crescimento no setor de saúde seja uma boa notícia para a geração de empregos e renda, Cechin alerta para um possível "sinal de alerta" no que isso pode indicar sobre o estado de saúde da população brasileira. "É muito positivo que o setor da saúde continue gerando empregos, mas ao mesmo tempo isso pode ser um sintoma da piora na saúde da população. Quando os cuidados são preventivos, isso é positivo, mas muitas vezes as pessoas estão recorrendo ao sistema de saúde para tratar doenças que poderiam ter sido evitadas", pondera o superintendente do IESS.

Sudeste concentra a maior parte dos empregos no setor

Embora o Nordeste tenha registrado o maior crescimento percentual no número de empregos formais no setor de saúde no último trimestre, com um aumento de 15,8%, a região Sudeste ainda concentra a maior parte das vagas no setor, com 50% do total. O crescimento no Sudeste foi de 9,8%, impulsionado pela presença de grandes hospitais e indústrias farmacêuticas na região. "O Sudeste concentra uma grande quantidade de riquezas e possui muitos hospitais de grande porte, que atendem pacientes de todo o Brasil. Além disso, as principais indústrias farmacêuticas estão localizadas na região, o que explica o grande número de empregos", afirma Cechin.

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