Justiça mantém prisão de Nego Di em caso de estelionato envolvendo loja virtual
Influenciador é acusado de lesar mais de 370 pessoas em esquema que teria causado prejuízo de R$ 5 milhões; defesa argumenta inocência, mas pedidos de liberdade são negados
Por Plox
04/09/2024 17h35 - Atualizado há 10 dias
A 2ª Vara Criminal de Canoas negou mais um pedido de liberdade para o influenciador digital Dilson Alves da Silva Neto, conhecido como Nego Di, nesta quarta-feira (4). O humorista, que está preso preventivamente há 52 dias, é réu por estelionato em um suposto esquema de vendas fraudulentas em uma loja virtual. O sócio de Nego Di, Anderson Boneti, também teve seu pedido de liberdade negado. Ambos estão detidos na Penitenciária Estadual de Canoas, na Região Metropolitana de Porto Alegre.
Defesa argumenta ausência de dolo
A defesa de Nego Di sustentou que ele teria sido uma vítima de seu sócio, Anderson Boneti, e que não agiu com dolo, ou seja, sem intenção de cometer o crime. Foram apresentadas conversas entre os réus para embasar essa tese, mas a juíza Patricia Pereira Krebs Tonet rejeitou o argumento. Entre as provas, está um vídeo onde Nego Di aparece dirigindo um carro de luxo e dizendo: "ninguém mandou comprar televisão, ninguém mandou comprar ar condicionado". A magistrada afirmou que "o comportamento não se coaduna com o de pessoas ingênuas na área de vendas e negociações".
Histórico de pedidos negados
Nego Di já teve pelo menos dois pedidos de soltura negados anteriormente. No primeiro, em 26 de julho, a defesa argumentou que não havia motivos para a prisão preventiva. No segundo, em 1º de agosto, foi solicitada a liberdade ou a substituição da prisão por medidas cautelares. A juíza destacou que Nego Di não ressarciu as vítimas do esquema, mesmo recebendo cerca de meio milhão de reais por mês em patrocínios. "Nunca buscou ressarcir as vítimas, que estão no prejuízo desde 2022", afirmou Patricia Tonet.
Envolvimento com a loja virtual Tadizuera
Nego Di é acusado de crimes de estelionato qualificado pela fraude eletrônica (17 vezes). De acordo com o Tribunal de Justiça, ele e Boneti teriam lesado mais de 370 pessoas entre março e julho de 2022, com vendas fraudulentas pelo site Tadizuera. A Polícia Civil aponta que a movimentação financeira em contas ligadas ao influenciador na época ultrapassou R$ 5 milhões. Clientes relataram que compraram produtos como televisores e celulares, mas não receberam os itens nem os valores de volta. O prejuízo estimado é superior a R$ 330 mil.
Prisão e tentativa de fuga
Nego Di foi preso pela Polícia Civil do RS na praia de Jurerê Internacional, em Florianópolis, no dia 14 de julho. Seu sócio foi detido cerca de uma semana depois, em Bombinhas, SC. Segundo a polícia, Boneti tentava se esconder em um hotel, com carro alugado e sem sair nas ruas. Ambos foram transferidos para a Penitenciária Estadual de Canoas.
Acusações adicionais contra Anderson Boneti
Além do caso envolvendo Nego Di, Boneti responde a processos por lavagem de dinheiro, organização criminosa e outros crimes. Em um caso sem relação com Nego Di, ele é réu por desviar R$ 30 milhões de uma empresa, junto com outros sete réus. A denúncia, feita pelo Ministério Público em 2021, afirma que o grupo burlou o sistema de segurança digital de um banco para desviar o dinheiro de uma indústria metalúrgica.
Histórico de polêmicas e condenações de Nego Di
Dilson Alves da Silva Neto, o Nego Di, é um influenciador gaúcho que ganhou notoriedade ao participar do Big Brother Brasil em 2021. Desde então, ele se envolveu em diversas controvérsias, incluindo a promoção de rifas suspeitas nas redes sociais, o que motivou uma investigação do Ministério Público. Ele também foi condenado por difamação e injúria contra a deputada estadual Luciana Genro, do PSOL, em agosto de 2024. A pena de um ano, um mês e dois dias de detenção foi convertida em prestação de serviços comunitários e multa.
Implicações e próximos passos
Enquanto Nego Di e seu sócio permanecem presos, a defesa tenta novas estratégias para provar a inocência do humorista. Até o momento, porém, a Justiça mantém a prisão preventiva como medida necessária para a continuidade das investigações. O caso segue em andamento na 2ª Vara Criminal de Canoas.