Mau hálito pode ter até 50 causas, incluindo estresse e diabetes

Higiene bucal inadequada, problemas de saúde e alimentação desregrada estão entre os principais fatores que levam ao odor desagradável na boca.

Por Plox

04/09/2024 11h27 - Atualizado há 4 dias

Estima-se que 31,8% da população mundial sofre de mau hálito, condição que leva muitas pessoas a buscar atendimento odontológico, sendo o terceiro motivo mais comum para visitar o dentista, logo após cáries e doenças periodontais, segundo a ABHA (Associação Brasileira de Halitose). Existem mais de 50 causas para esse problema, que podem variar desde questões odontológicas até doenças crônicas e hábitos do dia a dia.

Foto: Pixabay/ Reprodução

Principais causas odontológicas do mau hálito

De acordo com o dentista Sérgio Kignel, 95% dos casos de mau hálito têm origem em problemas odontológicos. A principal razão é o acúmulo de bactérias na boca, que, ao serem digeridas, liberam gases como o sulfídrico, responsável pelo cheiro característico de ovo estragado.

Entre as causas mais comuns estão o tártaro, a cárie, a periodontite, as placas dentárias e a falta de higiene oral, incluindo a ausência de uma escovação adequada e o uso irregular de fio dental. Um fator agravante é a saburra lingual, uma massa amarelada ou esbranquiçada composta por restos de alimentos e células mortas que se acumulam na língua. Para combater essa condição, a higienização da língua com raspadores ou escovas é recomendada.

Causas extrabucais e doenças associadas

Nos 5% restantes, a halitose pode ter causas extrabucais, como infecções nas vias respiratórias. Segundo o otorrinolaringologista Ícaro Grandesso Ribeiro, sinusites, amigdalites crônicas e faringites estão entre as condições que favorecem o mau hálito. Nas amigdalites caseosas, por exemplo, restos alimentares e micróbios se acumulam nas amígdalas, provocando mau odor e irritação na garganta.

Problemas gastrointestinais, como refluxo e distúrbios no fígado, também contribuem. Além disso, condições como diabetes, deficiência de vitaminas A e D, uso de medicamentos ansiolíticos e imunossupressores, tabagismo, e o consumo de álcool agravam a situação.

Estresse e desidratação: fatores menos conhecidos

Outro aspecto que pode piorar o mau hálito é o estresse, que reduz o fluxo de saliva e provoca xerostomia (boca seca). A falta de hidratação adequada também intensifica o problema, especialmente em climas secos. Kignel destaca a importância de beber água regularmente, mas alerta que a quantidade deve ser proporcional ao peso corporal, variando de 25 a 30 ml por quilo. “O organismo precisa de tempo para absorver a água, por isso é essencial consumi-la ao longo do dia, e não de uma vez só”, afirma.

Alimentação e hábitos que influenciam o odor bucal

A dieta também desempenha um papel importante no controle da halitose. Alimentos ricos em gorduras animais, proteínas, alho, cebola e frituras são grandes vilões. Além disso, longos períodos sem se alimentar podem agravar o mau cheiro, pois o jejum prolongado afeta a produção de saliva e o equilíbrio do sistema digestivo.

Quando procurar ajuda médica?

Em primeiro lugar, é fundamental consultar um dentista para investigar possíveis causas odontológicas. Se a origem do problema não for identificada, o paciente deve procurar um otorrinolaringologista para avaliar infecções nas vias respiratórias. Caso a causa ainda não seja descoberta, a última opção seria visitar um gastroenterologista.

Como abordar discretamente uma pessoa com mau hálito

Segundo Kignel, quem sofre de mau hálito muitas vezes não percebe o problema devido à fadiga olfativa, um fenômeno no qual a pessoa se acostuma com o próprio cheiro, como ocorre com perfumes. Se for necessário alertar alguém, o ideal é abordar o assunto de forma delicada e em particular. Para casos em que o grau de intimidade não permita essa conversa direta, a ABHA oferece um serviço anônimo no site SOS Mau Hálito, onde é possível enviar um aviso por e-mail sem expor a fonte da informação.

Dicas práticas para evitar o mau hálito

Para manter o hálito fresco e evitar o desenvolvimento de halitose, algumas medidas simples são recomendadas:

  • Escovar os dentes e gengivas ao menos duas vezes ao dia, por dois minutos.
  • Beber bastante água ao longo do dia.
  • Não ficar muitas horas sem se alimentar.
  • Usar creme dental com flúor.
  • Limpar a língua diariamente com um raspador.
  • Utilizar fio dental ou escovas interdentais uma vez ao dia.
  • Visitar o dentista regularmente.
  • Manter próteses e dentaduras limpas.
  • Usar enxaguante bucal antibacteriano sem álcool.
  • Mascar chicletes sem açúcar ocasionalmente para estimular a salivação.
  • Garantir que os níveis de glicose no sangue e a função de órgãos como estômago, rins e intestino estejam normais.

Ao seguir essas recomendações, é possível controlar grande parte das causas do mau hálito e manter a saúde bucal em dia.

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