Alexandre de Moraes nega denúncia de ex-assessor e afirma que investigações seguiram protocolo
Ministro do STF responde às acusações de adulteração de documentos feitas por Eduardo Tagliaferro em audiência no Senado
Por Plox
04/09/2025 07h51 - Atualizado há 3 dias
Durante uma audiência realizada por videoconferência no Senado, o perito Eduardo Tagliaferro, ex-assessor do ministro Alexandre de Moraes no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), apresentou denúncias graves envolvendo suposta adulteração de documentos no âmbito de investigações conduzidas pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Tagliaferro, que atualmente reside na Itália, declarou à Comissão de Segurança Pública que documentos entregues à Polícia Federal teriam tido suas datas manipuladas para parecerem anteriores à realização de ações policiais, como mandados de busca e apreensão. O objetivo, segundo ele, seria evitar que tais medidas parecessem baseadas apenas em reportagens da imprensa.
Entre os papéis entregues ao Senado, um relatório técnico é apontado como central na denúncia. De acordo com metadados apresentados por Tagliaferro, o arquivo foi criado em 28 de agosto de 2022, às 10h33. No entanto, no processo de investigação, consta com a data de 22 de agosto. O perito sustenta que foi orientado a produzir o relatório após a operação da PF, e que a alteração teria sido uma exigência direta do gabinete de Moraes.
Em resposta às alegações, a assessoria do ministro Alexandre de Moraes divulgou uma nota oficial reafirmando a legalidade de todos os atos processuais conduzidos sob sua relatoria. De acordo com o texto, todas as etapas dos inquéritos, como os de número 4781 (Fake News) e 4878 (Milícias Digitais), seguiram os trâmites regimentais estabelecidos, com solicitações a órgãos competentes e total ciência da Procuradoria Geral da República.
\"Todos os procedimentos foram oficiais, regulares e estão devidamente documentados nos inquéritos e investigações em curso no STF, com integral participação da Procuradoria Geral da República\"
, afirmou a nota do gabinete.
O texto também enfatiza que os relatórios mencionados nas denúncias foram gerados a pedido formal e descreviam postagens ilícitas em redes sociais. O conteúdo desses documentos, segundo o STF, foi encaminhado à Polícia Federal para continuidade das diligências.
No caso específico da PET 10.543, mencionada por Tagliaferro, a nota detalha que a solicitação de relatório foi feita ao TSE no dia 19 de agosto e que ele foi juntado aos autos em 29 de agosto. O ministro afirma que todas as partes envolvidas tiveram acesso imediato ao material e que, posteriormente, o recurso da Procuradoria Geral da República sobre o caso não foi conhecido pelo STF em 9 de setembro.
A denúncia ganhou repercussão no cenário político, e parlamentares como Jorge Seif e Magno Malta já manifestaram posicionamentos públicos. Enquanto Seif defendeu a instalação de uma CPI para investigar o caso, Malta propôs a criação de um “Dia Nacional da Vergonha”. Davi Alcolumbre, presidente da Comissão de Constituição e Justiça do Senado, afirmou que ainda não há prazo para análise de um eventual pedido de impeachment de Moraes.
O caso segue sob os holofotes, enquanto os desdobramentos políticos e jurídicos começam a se desenrolar nos bastidores de Brasília.