Ex-assessor leva ao Senado documentos contra Alexandre de Moraes

Eduardo Tagliaferro apresentou acusações de irregularidades em operações conduzidas pelo ministro do STF durante audiência na Comissão de Segurança Pública

Por Plox

04/09/2025 12h50 - Atualizado há 2 dias

Durante uma audiência da Comissão de Segurança Pública do Senado, realizada na terça-feira (2), o ex-assessor Eduardo Tagliaferro apresentou documentos que, segundo ele, revelam irregularidades cometidas no gabinete do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.


Imagem Foto: Agência Senado


Tagliaferro, que já havia atuado como chefe da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), relatou que foi solicitado a modificar documentos para justificar operações policiais. De acordo com seu depoimento, a alteração teria sido feita para não transparecer que uma decisão de busca e apreensão contra empresários se baseava unicamente em informações divulgadas pela imprensa.


O ex-assessor afirmou que recebeu a ordem por meio do juiz auxiliar Airton Vieira. Segundo ele, a orientação partiu do próprio ministro.
“Foi um pedido através do Alexandre de Moraes para que se construísse uma história”

, declarou aos senadores.


Na ocasião, Tagliaferro disse ter produzido relatórios técnicos e mapas mentais apenas depois de a Polícia Federal já ter realizado as diligências. Entre os alvos da operação estavam empresários como Luciano Hang, da Havan, e Afrânio Barreira Filho, do grupo Coco Bambu. Além das buscas, Alexandre de Moraes determinou bloqueio de contas bancárias, suspensão de perfis em redes sociais, depoimentos e quebra de sigilos. Todos os envolvidos eram apoiadores do então presidente Jair Bolsonaro (PL).


O ex-assessor também destacou que um registro datado de 28 de agosto de 2022 teria sido inserido no processo como se fosse anterior. O objetivo, segundo ele, seria dar respaldo formal à operação.



Até o momento, os documentos entregues por Tagliaferro à Comissão do Senado ainda não foram enviados a outras autoridades. Parlamentares avaliam quais serão os próximos passos do colegiado.


Tagliaferro, atualmente morando na Itália após deixar o país, responde a acusações de violação de sigilo funcional e obstrução da justiça. Sua presença no Senado ocorreu no mesmo dia em que o STF deu início ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e outros investigados por tentativa de golpe de Estado.



Em resposta às acusações, Alexandre de Moraes, por meio de sua assessoria, divulgou nota oficial. O texto afirma que todos os procedimentos relacionados aos inquéritos, incluindo o das Fake News e o das chamadas milícias digitais, foram conduzidos dentro das normas legais, com ciência da Procuradoria-Geral da República e documentação formalizada. O ministro ressaltou que relatórios requisitados ao TSE apenas descreviam atividades ilícitas em redes sociais, como desinformação, discurso de ódio, tentativa de golpe de Estado e ataques à democracia.


Segundo a nota, em um dos processos mencionados por Tagliaferro, um relatório solicitado em 19 de agosto de 2022 foi incluído nos autos no dia 29 do mesmo mês, com imediata vista às partes, reforçando que todos os atos seguiram trâmites regulares.



O caso segue em análise no Senado e poderá ter novos desdobramentos nos próximos dias.


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